Então não era para apostar na formação? Pelo menos foi esta
a ideia com que fiquei no final da época 2015-2016, quando Pinto da Costa deu
uma entrevista ao Porto Canal, em que fez o diagnóstico e apontou as soluções.
Até nessa altura sobrou a ideia de que Rúben Neves era o símbolo dessa aposta.
Mas hoje penso que talvez não era nada disto e eu percebi mal.
Sei que a minha opinião conta 0, mas ainda assim vou dizer o
que penso sobre este assunto. Gostava de ver mais aposta na formação, acrescentando
jogadores experientes e vindos de outras paragens. Mas em vez disso, estou a
assistir, quase incrédula, à saída de jogadores da formação, jogadores que,
julgava eu, teriam condições para ser aposta no plantel principal e uma aposta
para os próximos anos. E neste contexto divido em dois grupos: os que
pertenceram na época anterior ao plantel da equipa B e os que já faziam parte
da equipa principal.
No primeiro grupo incluiria os casos de, por exemplo,
Francisco Ramos e Tomás Podstawski, dois atletas da formação, que fizeram parte
do plantel da Equipa B que, tão superiormente, venceu a II Liga na época 2015-2016.
Se iam ou não ser titulares indiscutíveis isso já seria outra questão, mas pelo
menos iam ter a oportunidade de lá estar. Ainda assim, percebia os empréstimos destes
dois atletas a equipas onde pudessem ganhar experiência e minutos – tal como
aconteceu com, por exemplo, Rafa Soares, emprestado ao Rio Ave e que terá a
oportunidade de fazer a pré-época com o plantel principal, tendo, assim, a
oportunidade de lutar por um lugar - mas custa-me perceber como é que o FC
Porto apenas ficou com metade do passe de cada um deles.
No segundo grupo incluiria, pois claro, André Silva e Ruben
Neves. O primeiro, infelizmente, já foi transferido e o segundo, tendo em conta
informações do jornal OJOGO, pode ser transferido ainda hoje. Não concordei com
a saída de André, tal como não concordo com a saída de Ruben, caso se venha, de
facto, a concretizar. É que se a ideia é ter no plantel alguém que transporte a
tão falada mística não faz sentido que se deixe sair já alguém que a tem.
Sobretudo sendo um jogador tão jovem e com margem de progressão. Para além
disso, deverá ser muito provável que Danilo, infelizmente, saia e, nesse caso,
haveria espaço para Ruben conquistar o seu lugar.
Estando de fora e observando estas quatro situações, para
além de achar que o FC Porto está a dar tiros nos pés ao desfazer-se de
jogadores produto da sua formação que, juntos, venceram títulos nos escalões
por onde passaram e que se conhecem bem, surgem-me algumas questões: Como é que
se pode querer que os atletas da formação que transitam dos sub19 para a equipa
B acreditem que o objetivo da equipa principal está ali tão perto, se depois
não vêm concretizar-se as apostas na formação? Como se pode esperar que a
mística surja no plantel da equipa principal se os portadores são a prioridade
para as vendas?
Estou, de facto, preocupada com esta situação e não estou a
ver com bons olhos estas movimentações de mercado.