Este é um tema que tem alimentado posts, gerado trocas de
opiniões, originado questões e continua a ser uma dúvida.
Ora, o meio campo é um setor muito importante para qualquer
equipa, seja de que campeonato for e, como tal, preocupa-nos portistas perceber
que ainda existe indefinição nessa zona nevrálgica da equipa.
Recuemos a Maio, à saída de Moutinho. Num dos meus posts, «João
Moutinho, O Pequeno Grande Jogador Que Passou de Maçã Podre a Carregador de
Piano», escrevi isto sobre o então número 8 portista: “passou a ser o
carregador de piano, aquele jogador importante para a equipa que é capaz de a
carregar às costas, no fundo ser o motor; aquele que nunca joga mal, porque não
o sabe fazer; aquele que é indispensável, pois quando não está nota-se a sua
falta; aquele que raramente se lesiona. Em suma, o jogador que todas as equipas
gostavam de ter.” Todos nós portistas temos a noção de que João Moutinho foi,
durante as três épocas de dragão ao peito, um jogador importante e, como tal,
todos nós sabíamos que seria difícil substituir uma peça tão importante no xadrez
portista, fosse quem fosse o treinador do FC Porto. Confirma-se, não está a ser
fácil.
Em princípio Defour seria o substituto de Moutinho, visto
que já cá estava. Mas Defour é Defour, não é Moutinho e portanto não se pode
pedir a um jogador que seja um jogador que não é. Defour tem qualidades, é esforçado
e não tem estado nada mal, mas é ele próprio, como não podia deixar de o ser.
Entretanto chegou Herrera, que tem requisitos que fazem dele
um médio extremamente útil para a equipa. Contudo, é preciso tempo para que
este se adapte aos processos de jogo portistas. Neste sentido, a chamada à B
não me pareceu nada mal.
Posto isto, vou tentar analisar o problema do meio campo. Na
minha opinião, há ainda muito caminho para percorrer, muitas arestas para limar
até que este sector esteja perfeito. E, neste aspeto, julgo que deveria já
estar mais avançado do que está neste momento.
A questão do duplo pivot tem gerado discussão, porque muitos
consideram que com este sistema o FC Porto torna-se uma equipa mais defensiva,
ainda que Paulo Fonseca já tenha explicado o seu ponto de vista, defendendo que
não é isso que pretende; outros acham que Fernando desempenha melhor as suas funções
estando sozinho. A este respeito, julgo que Fernando será capaz de aprender a
desempenhar as suas funções com outro colega ao lado. Contudo, também concordo
que o polvo está melhor sozinho; outros defendem que tendo um segundo pivot,
perde-se uma unidade mais à frente, dificultando a ligação ao ataque. Neste
aspeto, tenho duas visões, primeiro acho que num campeonato onde a maioria das
equipas joga à defesa, aproveitando os contrataques, talvez não se justifique um
segundo pivot. No entanto, se este jogador for rápido o suficiente para pressionar
o adversário e fazer a bola chegar lá a frente, poderá ser útil; e, finalmente,
outros consideram que perde-se Lucho ao colocá-lo na posição de número dez. Concordo.
Acho que Lucho nunca foi um número dez e não é agora que o vai ser. Mas e se o
meio campo for composto por outros elementos? Se jogar Quintero no lugar do
capitão? Aí sim, aí temos número dez. Mas surge um problema, o que fazer com
Lucho? É um jogador importante para a equipa. E quem e como joga atrás de
Quintero? Decisão difícil para Paulo Fonseca… Também poderá jogar Herrera no
lugar de Defour. A questão é que o belga não tem estado mal. Então e se for Fernando
a sair do trio de meio campo? Pois, aí poderá ficar resolvido o problema do
duplo pivot, mas perde-se o melhor trinco. E se Paulo Fonseca voltasse a
apostar na configuração do meio campo como estava nos últimos anos? Ora, na
minha opinião, acho que tudo é uma questão de criar rotinas de jogo, só o tempo
dirá qual delas deu mais frutos.
O problema é que com o meio campo indefinido, a defesa
torna-se instável. E se na época passada os golos sofridos eram poucos e os
adversários somavam poucas oportunidades de golo, com os dois jogos decorridos
percebeu-se que os adversários deram mais trabalho aos defesas portistas – mais
o Vitória de Setúbal do que o de
Guimarães. Em suma, agora a defesa parece-me bem mais frágil.
Tenho para mim que esta incógnita não vai durar muito tempo
e que à medida que o trabalho vai sendo desenvolvido nos treinos e a competição
vai se desenrolando, o problema do meio campo vai ficar resolvido e consequentemente,
a defesa voltará à estabilidade do costume.
1 comentário:
Concordo plenamente e apreciei estas considerações, muito bem elaboradas.
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