“VARREDOR PRECISA-SE
A Federação Portuguesa de Futebol celebrou o primeiro
centenário com uma gala em que premiou os que, em seu entender, mais se
distinguiram. E o em seu
entender deve ser sublinhado, porque honrando uma das mais
fortes tradições da instituição, o FC Porto, os seus atletas, treinadores ou
dirigentes têm
para a federação um valor muito abaixo da realidade e do que
os desempenhos e resultados demonstram.
Ser juiz em causa própria pode desfocar um pouco a realidade
e até por isso nem vamos perder muito tempo por a FPF, certamente por
lamentável esquecimento,
ter passado ao lado do facto do dirigente mais titulado da
história do futebol mundial ser presidente do clube português que mais troféus
conquistou, o
clube português que mais troféus internacionais trouxe para
a federação.
O que nos intriga verdadeiramente é a incompreensível e
inaceitável ausência de qualquer referência a José Maria Pedroto. Se há treinador
na história do
futebol português que não pode ser esquecido é José Maria
Pedroto, pela revolução que provocou, pelas barreiras que ajudou a derrubar,
mas também por ter
sido o primeiro treinador a conquistar um título
internacional para a federação, quando em 1961 levou a selecção de juniores ao
título europeu.
Quando os prémios são atribuídos com base em votações online
todos nós percebemos como tudo o que não é de agora tende a ser esquecido, mas
foi a própria
federação que fez questão de esclarecer que havia prémios
decididos pela Direcção da FPF, pela Comissão Organizadora, pelos Media e até
pelo presidente
da federação, o que torna tudo ainda mais intrigante.
Mas será que o nosso portismo desfoca assim tanto a
realidade e afinal José Maria Pedroto não foi assim tão importante? Respondem
Vítor Serpa, director
de “A Bola” e Manuel Sérgio, professor universitário, que
não são propriamente conhecidos pela simpatia para com o nosso clube: “Pedroto
tem razão para
além do tempo, é isso que marca a diferença. Nos tempos de
hoje seria da dimensão de Mourinho”, disse Vítor Serpa, no final da tertúlia
organizada na semana
passado pelo ISMAI (Instituto Universitário da Maia), que
assinalou os 30 anos da morte de José Maria Pedroto. “Pedroto e Pinto da Costa
fizeram a maior
revolução que alguma vez assisti, não no futebol português,
mas no desporto nacional”, afirmou Manuel Sérgio.
Que fique registado para memória futura, um século de
hostilidade da federação e dos seus dirigentes não impediu o FC Porto de ser o
clube português com
mais troféus e, de longe, o clube português com mais troféus
internacionais. Desde José Maria Pedroto que os adeptos do FC Porto sabem bem
que é assim
e que assim continuará a ser, mas todos nós permaneceremos
vigilantes e prontos para denunciar estes branqueamentos da história. Ou como
dizia um dos premiados,
“é preciso varrer a porcaria que há na federação”.”
Em
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