Caros jogadores da principal equipa do FC Porto, caro
mister.
Escrevo-vos numa altura em que confesso, ainda estou muito
triste e pior, ainda estou com muita raiva. E estou com raiva de tudo o que
vocês fizeram, ou melhor, de tudo o que não fizeram Domingo. Bolas como é que é
possível estar a vencer e a poucos minutos do final deixar fugir a vitória,
sabendo que o Benfica estava empatado em Guimarães? Porque raio não lutaram
pelo segundo golo com afinco? Porque entregaram o título quando podíamos ter
ficado com a hipótese de o disputar até ao fim? Sim, eu sei que mesmo que o FC
Porto vencesse, eles empatassem, não significaria que seríamos campeões, mas a
verdade é que assim dava para manter o sonho vivo até ao final. E não sobrava a
sensação de que não tinha sido feito tudo para alcançar o objetivo. Não
conseguimos manter o sonho vivo, porque vocês não seguraram uma vitória que era
mais do que obrigatório segurar.
Não, desta vez não consigo perceber, não consigo desculpar e
não consigo esquecer que depois de tudo foram vocês quem lhes pôs o título nas
mãos. Já não bastava o colinho que eles beneficiaram toda a época ainda
tínhamos de ser nós a facilitar quando não o podíamos fazer? Estou com um melão
que nem vos passa pela cabeça… Mas por outro lado, ainda bem que me sinto
assim, sabem, se não me sentisse assim ficaria muito preocupada.
Mister, defendi-o muitas vezes durante esta época – e não me
arrependo de o ter feito – mas mister, infelizmente Domingo faltou crença a
esta equipa. Sim, eu sei que motivar as tropas nesta altura é complicado, mas
só se pedia que vencessem o jogo, que fizessem o que tinha de ser feito. Sabe
mister, defender uma vantagem mínima raramente dá bom resultado. Você deve
saber melhor do que eu que a equipa devia ter procurado o segundo golo custasse
o que custasse. Por isso é que você procurou refrescar o ataque. Acho que fez
muito bem em ter assumido as responsabilidades, mas para além disso espero um
balanço no final da época. E não mister, não utilize o argumento de que foram muitos
jogadores novos, tanto no tempo no clube, como na idade, esse argumento já o
ouvi eu vezes sem conta noutras latitudes e confesso, nunca percebi porque raio
esse era um bom argumento para justificar o que quer que seja. Sim, é verdade
que foram muitos jogadores novos, mas esses jogadores novos foram capazes de
fazer muita coisa boa esta época. Tal como você recordou.
Mister, agora todos lamentamos o facto de termos perdido um
campeonato que parecia já estar decidido à muitas jornadas, mas que cabia ao FC
Porto lutar por ele enquanto a matemática permitisse. Mas não, o FC Porto
acabou por dar o empurrãozinho final. E isto, pois claro, independentemente de
tudo o resto, porque esse resto é muito e nós não vamos esquecer.
Mister, gostava tanto que as coisas hoje fossem diferentes,
gostava tanto que esta equipa não tivesse falhado em momentos em que claramente
não o podia fazer. Faltou raça e verdadeiro espírito de campeão. Espero,
sinceramente, que no próximo ano, tenha você os jogadores que tiver – sim,
porque se o apoiei sempre, não é agora que vou mudar de ideias e dizer que o
melhor será você ir embora - que as coisas possam ser diferentes.
Cabe a vocês e a todos nós, no final da próxima jornada, -
sim porque ainda há um jogo para ganhar e não quero saber de desculpas – fazer
um balanço, refletir em tudo o que se passou, retirar os bons exemplos do que
de bom foi feito e procurar soluções para os erros que surgiram.
E por fim digo-vos com todo o orgulho, não, eu não tenho nem
nunca tive vergonha de ser portista, defendo e defenderei sempre o meu FC Porto
seja onde for e contra quem for. Mas não podemos ser só nós adeptos a ter esta
atitude. Cabe aos jogadores e equipa técnica transportar essa garra, esse
querer para dentro do campo e nunca desistir de nada. Não quero que banalizem a
expressão “somos porto”, quero que a concretizem. Não quero que tentem lutar
pelos objetivos, quero que lutem com coragem e raça de dragão. No fundo, quero
o meu FC Porto guerreiro e vencedor de volta.
Sem comentários:
Enviar um comentário