Nesta segunda reflexão, vou abordar a prestação portista na
Liga dos Campeões.
Obviamente que fazer uma boa Liga dos Campeões é algo que
nunca pode ser descartado. E não pode ser descartado por diversas razões: pelo prestígio,
pelo dinheiro, e por ser a mais importante prova de clubes. Mas é sempre
preciso ter a noção da realidade e do sonho. Na Liga dos Campeões estão os
melhores clubes e também os mais ricos. Logo, para alcançar a final é preciso
ter uma boa dose de sorte. Sorte nos sorteios e nas eliminatórias.
O FC Porto fez uma boa Liga dos Campeões – quem não sonhou
com a passagem às meias-finais da prova? Mas terminou o sonho de forma abrupta.
Nunca é de mais recordar que o FC Porto nem passaporte tinha
para a Liga dos Campeões, conquistou-o com todo o mérito numa eliminatória
frente aos franceses do Lille – depois disseram que o Lille era fraco, quando
antes disseram que o FC Porto não tinha hipóteses.
Veio depois a fase de grupos, o FC Porto ficou no grupo H, com
os ucranianos do Shakhtar Donetsk; os espanhóis do Atl. Bilbao; e os
bielorrussos BATE Borisov. Os
portistas fizeram uma ótima fase de grupos – nem me venham dizer que o grupo
era fraco, era isso sim, equilibrado – conquistando com todo o mérito o
primeiro lugar do grupo.
Seguiu-se o Basileia nos oitavos de final. No jogo da
primeira mão o jogo terminou com um empate. Mas a segunda mão, em casa, foi um
jogo fantástico. Os dragões venceram por 4-0 e carimbaram, inequivocamente o passaporte
para os quartos-de-final.
Chegados aos quartos-de-final da prova, o sorteio não foi
muito amigo do FC Porto, isto porque os alemães do Bayern Munique, um dos
favoritos à vitória na prova, com um orçamento muito superior ao dos portistas
cruzaram o caminho dos Dragões. Mas o FC Porto entrou em campo sem medo e,
mesmo depois do que se passou na segunda mão, nada apagará da história do clube
a memorável noite do jogo da primeira mão dos quartos-de-final, o jogo que o FC
Porto venceu por 3-1, mas que podia ter vencido por mais, o jogo em que os
portistas obrigaram os alemães a respeitar uma equipa portuguesa. No final
desse jogo todos nós queríamos sonhar que seria possível eliminar o colosso.
Mas o sonho virou pesadelo. Na segunda mão os alemães
arrancaram decididos a quebrar a desvantagem e conseguiram-no com relativa
facilidade. Nesse jogo a equipa portista cometeu erros na defesa e esses erros
custaram caro, custaram a eliminação na prova. A bem dizer foram os alemães
quem provocaram esses erros, tal como na semana anterior os jogadores portistas
tinham feito. E sejamos realistas, nenhum de nós esperaria que o Bayern entrasse passivo,
era espetável que forçassem ao máximo até conseguirem desfazer a desvantagem.
Em suma, o FC Porto fez uma boa Liga dos Campeões, – algo
que, no início da época era impensável.
E tudo isto com apenas uma derrota, aquela que atirou o FC Porto para fora da
prova e, quiçá, que deixou marcas no plantel.
A boa campanha portista na mais importante prova de clubes
é, por certo, aquela parte onde se pode retirar o que de melhor foi feito, para
que se repita. Mas não podemos com essa boa caminhada, tapar tudo o resto. Não,
nem todo o resto foi mau, mas em tudo o resto surgiram erros que não se podem
repetir. É nessa medida que digo que esta boa caminhada europeia não pode
servir para abafar tudo o resto.
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