Caro Sérgio.
Começo por dizer-lhe que em 2017, quando foi apresentado como treinador do FC Porto eu, do alto da minha sabedoria futebolística, achava que você não era a melhor opção. Que pretensão a minha achar que eu estava certa e o Presidente Pinto da Costa estava errado. Como é obvio depressa percebi que eu estava completamente errada e que sim, você era, sem dúvida, a pessoa certa no lugar certo.
Caro Sérgio, você entrou no FC Porto numa altura em que as coisas estavam muito complicadas. Primeiro, o FC Porto estava há quatro anos sem conseguir ganhar nada. O que para um clube com a grandeza do FC Porto é demasiado tempo. Depois tinha a agravante do FC Porto estar sobre o controlo financeiro da UEFA, o que fez com que em 2017 não fosse possível reforçar o plantel. Acredito que não tenha sido fácil construir uma equipa, qual manta de retalhos, com o plantel que transitava da época anterior reforçado pelos jogadores que regressavam ao Porto após terem estado emprestados. Mas, caro Sérgio, você não só conseguiu construir uma equipa, como conseguiu que alguns jogadores de quem não se esperava muito, tornassem-se jogadores relevantes. Isto porque, caro Sérgio, tal como você Disse na sua apresentação que vinha para o FC Porto para ensinar, não para aprender. E de facto foi o que você fez. Caro Sérgio, você trouxe para o FC Porto a mística, a garra, a crença e a capacidade de agregar a equipa em torno dos objetivos do clube. Por outro lado conseguiu agregar os adeptos portistas em torno da equipa, num mar azul sem medida que empurrou a equipa sem nunca desistir. E como nós adeptos precisávamos voltar a sentir que éramos parte importante. E o FC Porto conseguiu resgatar o título de campeão. Estou convicta, caro Sérgio, não era qualquer treinador que aceitava este desafio, nem qualquer treinador que conseguiria que tudo encaixasse e fizesse todo o sentido.
Aos nossos olhos, a primeira época foi a mais difícil, mas acredito que nenhuma delas foi fácil, sobretudo por ter, sempre, o desafio de reconstruir a equipa perante saídas de jogadores, algumas delas no meio da época. Mas você nunca virou a cara a luta, mesmo, acredito, profundamente desagradado com as decisões tomadas.
Da mesma forma, caro Sérgio, que você nunca virou a cara à luta nem as costas ao FC Porto, quando os críticos o atacaram, muitas vezes faltando-lhe completamente ao respeito a si e à sua família.
Acredito que cada um dos onze títulos que ao longo destes sete anos você conquistou ao serviço do seu, nosso, FC Porto devem ter um sabor especial, porque, caro Sérgio, você é um de nós lá dentro e isso não deve ter preço ou comparação.
Você está de saída. Ontem à noite tal tornou-se oficial, mas sinceramente, desde a final da Taça de Portugal que tenho a convicção que este seria o desfecho, pelas suas declarações no final do jogo. Esta minha convicção ganhou força no momento do discurso de André Vilas-Boas na entrega da Taça de Portugal ao Museu. E confirmou-se. Caro Sérgio, gostava que continuasse no FC Porto, mas percebo que ao longo destes sete anos o desgaste foi muito; que pretenda procurar outros desafios; que sinta que o seu ciclo no FC Porto terminou. E sei, sobretudo, que nunca vai deixar de ser um de nós.
Hoje, sete anos depois da sua chegada ao seu, nosso, FC Porto, sinto que um obrigada é pouco. Obrigada por tudo, por tanto. Obrigada por ter devolvido ao FC Porto a mística, a garra e a crença; obrigada por ser um de nós lá dentro a lutar pelo seu, nosso, FC Porto. Obrigada por sempre que foi atacado pelos críticos não ter desistido de continuar connosco.
Mister, desejo-lhe toda a sorte do mundo, menos claro está, quando e se cruzar-se com o FC Porto.
Vamos sentir a sua falta, tenho a certeza.
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