Anda por aí nas redes sociais uma
batalha entre portistas: uns porque acham que a direção toma más decisões ao
deixar sair miúdos da formação e outros que tem uma visão um pouco diferente. Tudo
por causa da saída do Gonçalo Esteves. E não, não se trata de um jogador que já
tenha provado que tem valor para encaixar no plantel principal no
imediato.
Há quem diga que o rapaz preferi-o
sair por saber que não terá oportunidades. Como assim? Já repararam que o
Gonçalo só tem 17 anos? Ainda tem tanto para crescer, aprender, evoluir e
provar.
Alguém que lhe explique como foi o
percurso do Sérgio Oliveira, por exemplo. É, não foi fácil. É que não basta ser
um atleta que se destaca na sua posição no seu escalão, é preciso muito mais
para fixar-se na equipa principal. O que implica muito trabalho, mas não só. É
preciso lidar com a pressão constante de não poder errar, porque os erros
pagam-se caro, é preciso lidar com as críticas de adeptos, analistas e
pseudo-analistas, é preciso lidar com a concorrência interna… Nem todos são
como o Ruben Neves que depressa se adaptou à exigência da equipa principal. Ou
seja, por vezes é preciso ir ganhar “estaleca” para mais tarde agarrar a
oportunidade com toda a força do mundo. Se pensarmos no Tomás Esteves, irmão
mais velho do Gonçalo, teve a oportunidade de integrar o plantel principal, até
com a responsabilidade de envergar a camisola 2 (querem maior prova de
confiança num jogador do que esta?), mas estaria o Tomás verdadeiramente
preparado para a oportunidade? Às vezes o talento só não chega, é preciso amadurecer.
O importante é não desistir. E se o
Gonçalo Desistiu antes da oportunidade chegar?
Eu sou a favor de uma aposta na
formação, gosto de ver jogadores da casa na equipa principal e não gosto de ver
sair miúdos promissores. Mas pergunto-me, há lugar para todos no imediato? E
todos tem a paciência necessária para esperar a oportunidade? E os adeptos que
defendem uma aposta grande na formação, vão ter toda a paciência do mundo com
os miúdos quando não correr bem? E acham que uma equipa composta apenas por
miúdos da formação, que ainda não provaram, verdadeiramente, o que valem, é o
suficiente para lutar pelos objetivos que o FC Porto se propõe lutar todas as
épocas? Eu gosto de ver a aposta na prata da casa, mas reconheço que tem de ser
uma aposta controlada, uma mescla de jogadores formados no clube e jogadores de
outras latitudes.
Também é preciso ter em conta que,
não raras vezes, os miúdos promissores aos 16 ou 17 anos, acabam por,
infelizmente, não passar de promessas. Sabem o que todos criticamos que a
imprensa faz com a formação do Benfica, quando endeusam jogadores, colocando-lhes
o rótulo de grandes estrelas. Acham que todos sabem lidar com isso? Será que
muitos não se agarram a esse rótulo e depois acabam por cair com ele com
estrondo? Pois é, não façamos o mesmo aos miúdos da nossa formação, é
importante dar-lhes espaço para crescerem, aprenderem e evoluírem sem rótulos.
E se e quando, a oportunidade de integrar a equipa principal chegar, é deixá-los
mostrar que valem para lá estar. Porque nem todos são joias, nem todos vão ser
jogadores de topo. Há que controlar as expetativas.
E os que dizem que o clube não pode
ceder ao Jorge Mendes? Ainda não devem ter percebido que, infelizmente, o
Mendes é o empresário dos miúdos da formação que já estão na equipa principal.
Sinceramente, isso é que me preocupa, porque esses estão num patamar a cima
daquele em que está, por exemplo, o Gonçalo Esteves e esses são jogadores apetecíveis.
É que infelizmente é demasiado fácil convencer a irem para outras paragens. E o
que pode fazer o clube? Pois…
Voltando ao Gonçalo. Não sei que o
fez querer? Sair, mas sei que no futebol nada é definitivo, portanto, um dia
até pode voltar ao clube. Ele só tem 17 anos e tanto pela frente.
Quanto à batalha que para aí vai,
tenham la calma que não vale nada tanto bate boca... poucos sabemos, de facto
que se passa e na imprensa vem muita mentira. Se a cada rumor de mercado começa
tudo a trocar argumentos… haja paciência. Que feche rápido o mercado e que
comece a circular a bola, para a malta sossegar as mentes e focar-se no que, de
facto, importa, apoiar o FC Porto.