Depois de ter escrito sobre o plantel e sobre o treinador, é
o momento de fazer uma retrospetiva da época 2019-2020.
A época 2019-2020 foi longa, difícil e inconstante, é o
melhor adjetivo que encontro para caraterizar o desempenho do FC Porto ao longo
desta época. Vamos por partes.
Liga dos Campeões/Liga Europa
Os Dragões precisaram de jogar o acesso à prova rainha do
futebol europeu. Contudo, falharam redondamente no objetivo e caíram com
estrondo para a Liga Europa. Foi um tiro num dos objetivos da época, mas também
um grande corte nas receitas que entrariam nos cofres do Dragão.
A fase de grupos da Liga Europa revelou-se mais complicada
do que seria de esperar para os azuis e brancos. No entanto, com mais ou menos
dificuldades, conseguiram carimbar a passagem para os 16avos de final da Liga
Europa. A sorte não estava com os Dragões, quando no sorteio ficou definido que
defrontariam uma equipa vinda da Liga dos Campeões, o Bayer Leverkusen. E a
eliminatória não correu nada bem.
Já escrevi sobre isto uma vez. Na minha opinião a
equipa não conseguiu digerir o seu próprio falhanço ao ser despromovida da liga
dos Campeões para a Liga Europa. Foi como se a equipa estivesse presa ao
insucesso que representou a despromoção e de certa forma se sentisse
incompetente.
A Taça da Liga
Foi sem surpresa que o FC Porto garantiu a presença na final
a quatro da prova. Na meia final conseguiu dar a volta ao Vitória de Guimarães.
Mas na final viria a perder com o Sporting de Braga, que marcou em tempo de
descontos.
No final desse jogo, Sérgio Conceição deu um murro na mesa,
ao referir a falta de união no clube e colocou o seu lugar à disposição do
Presidente. Felizmente Pinto da Costa é um dirigente que consegue ver mais
além, deu o seu apoio a Sérgio Conceição e não aceitou outro cenário que não
fosse a continuidade do treinador.
Este episódio foi importante no desenrolar do resto da
temporada, porque, por certo, o mais fácil seria o Presidente tirar o tapete ao
treinador, mandá-lo à sua vidinha e contratar outro para o seu lugar (como
aliás, muito se faz neste futebol português). Se o tivesse feito,
provavelmente, o FC Porto não teria sido campeão, nem vencido a Taça de
Portugal. Contudo Pinto da Costa manteve o treinador no seu lugar, deu-lhe
confiança e o FC Porto continuou o seu caminho na época.
O campeonato
A prova mais importante para o FC Porto, aquela cuja
conquista é, sempre, o objetivo máximo, não começou nada bem para os azuis e
brancos, que entraram a perder em Barcelos, frente ao regressado Gil Vicente.
Mas dias depois venciam, sem margem para dúvidas, na Luz e parecia que tudo ia
ser diferente daí para a frente. Não foi bem assim.
O FC Porto fez o campeonato como se estivesse numa constante
montanha russa: alternou boas exibições, com outras menos boas, com outras más,
e ainda com outras em que conseguiu passar pelos 3 estados num só jogo. O
campeonato é uma prova de obstáculos. Sim, o FC Porto, ao longo do percurso,
tropeçou algumas vezes, mais do que gostaríamos que tivesse acontecido. E neste
contexto, tal aconteceu porque houve jogos em que o problema da falta de
eficácia voltou a marcar presença, o que deixava-nos, adeptos, à beira de um
ataque de nervos. Um exemplo dessa falta de eficácia ocorreu na Vila das Aves,
já na parte final do campeonato. Outras vezes, também mais do que gostaríamos,
a equipa ultrapassou obstáculos de forma menos brilhante. Mas o facto é que o
mais importante é conseguir somar os 3 pontos.
A verdade é que em janeiro, quando o FC Porto ficou a 7
pontos de distância do Benfica, muitos já entregavam o título aos encarnados,
esquecendo-se que ainda faltava uma segunda volta para jogar. Sim, nós
portistas também ficamos descrentes, porque na verdade parecia uma missão quase
impossível. Só que não foi. Foi preciso forças para, primeiro, desfazer a
desvantagem de 7 pontos, que começou quando o FC Porto venceu em casa o
Benfica, reduzindo a distância para 4 pontos. E de jogo em jogo, passo a passo,
os Dragões somaram pontos e colocaram-se na liderança do campeonato.
Depois o corona vírus fez tudo parar. Na incerteza se o
campeonato retomaria ou não, o FC Porto colocou os seus atletas a cumprir
planos específicos de treino em casa, de modo a não perderem a forma física.
Não sendo a mesma coisa do que manter o ritmo no relvado, foi melhor do que
colocar os jogadores de férias.
Confesso que estava reticente com o regresso do campeonato
num cenário de pandemia, porque não me parecia prudente jogar quando o vírus
circulava. Para além disso parecia-me impossível garantir que jogadores ou staf
de uma qualquer equipa não corriam riscos de ficar infetados. Para além disso
todos sabíamos que se o campeonato voltasse a parar, não seria retomado. Não
estava de acordo mas recomeçou, com jogos à porta fechada, e acabou por correr
tudo bem, com alguns percalços pelo meio com alguns, poucos na verdade,
jogadores a testar positivo.
Na retoma do campeonato, frente ao Famalicão, o FC Porto não
entrou bem, perdeu os 3 pontos e correu sérios riscos de perder a liderança do
campeonato, contudo, tal não aconteceu e conseguiram consolidar a
liderança.
Em suma, o FC Porto fez uma segunda volta em contra relógio,
com o foco no objetivo máximo. Chegou a ter 7 pontos de desvantagem,
recuperou-os e ainda conseguiu somar mais 5, os que ditaram a vantagem portista
no final do campeonato. Portanto, o FC Porto ganhou ao Benfica 12 pontos para
sagrar-se campeão. Há que referir que os Dragões sagraram-se campeões com uma
vantagem de 8 pontos sobre o Benfica, segundo classificado. Sim, o Benfica foi
incompetente por não conseguir segurar a vantagem de 7 pontos, mas o FC Porto
teve de ser muito competente para aproveitar os deslizes do Benfica. É que se o
FC Porto não aproveitasse esses deslizes, não ganharia nada com as escorregadelas
do Benfica. Sim, foi difícil, mas o título é do FC Porto de forma justa.
A Taça de Portugal
O FC Porto realizou uma prova mais ou menos tranquila, com
uma meia final teoricamente fácil que quase complicava a vida dos Dragões.
Este ano a final foi diferente, não só porque não teve
público nas bancadas, mas também porque, ao contrário dos outros anos, jogou-se
em Coimbra.
Na final o FC Porto defrontou o Benfica num jogo em que não
se esperava fácil, mas que ao intervalo parecia ainda mais complicado. Os
Dragões ficaram reduzidos a 10, devido à expulsão de Luis Diaz e sem o seu
treinador no banco, devido a expulsão. Mas a equipa não deu por perdida a
final, uniu-se, fez das fraquezas forças, marcou dois golos, aproveitando da
melhor forma dois lances de bola parada e defendeu-se bem. No final a Taça veio
para o Dragão. Foi à Porto! Contra tudo e contra todos!
Para concluir, volto ao episódio na final da Taça da Liga,
em Braga, para agradecer e a Pinto da Costa, por ter permitido que Sérgio
Conceição continuasse no Dragão e acreditar que com ele seria possível
recuperar o título de campeão e a Taça que já escapava há demasiado tempo; a
Sérgio Conceição, por nunca ter desistido de acreditar que seria possível
alterar o rumo dos acontecimentos e terminar a época com os títulos de campeão
e de vencedor da Taça de Portugal; e aos jogadores, por nunca terem desistido
de lutar (lutaram como irmãos).