sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Sobre a época 2019-2020

   Depois de ter escrito sobre o plantel e sobre o treinador, é o momento de fazer uma retrospetiva da época 2019-2020.

 

A época 2019-2020 foi longa, difícil e inconstante, é o melhor adjetivo que encontro para caraterizar o desempenho do FC Porto ao longo desta época. Vamos por partes.

 

Liga dos Campeões/Liga Europa

Os Dragões precisaram de jogar o acesso à prova rainha do futebol europeu. Contudo, falharam redondamente no objetivo e caíram com estrondo para a Liga Europa. Foi um tiro num dos objetivos da época, mas também um grande corte nas receitas que entrariam nos cofres do Dragão. 

A fase de grupos da Liga Europa revelou-se mais complicada do que seria de esperar para os azuis e brancos. No entanto, com mais ou menos dificuldades, conseguiram carimbar a passagem para os 16avos de final da Liga Europa. A sorte não estava com os Dragões, quando no sorteio ficou definido que defrontariam uma equipa vinda da Liga dos Campeões, o Bayer Leverkusen. E a eliminatória não correu nada bem. 

Já escrevi sobre isto uma vez. Na minha opinião a equipa não conseguiu digerir o seu próprio falhanço ao ser despromovida da liga dos Campeões para a Liga Europa. Foi como se a equipa estivesse presa ao insucesso que representou a despromoção e de certa forma se sentisse incompetente.

 

A Taça da Liga 

Foi sem surpresa que o FC Porto garantiu a presença na final a quatro da prova. Na meia final conseguiu dar a volta ao Vitória de Guimarães. Mas na final viria a perder com o Sporting de Braga, que marcou em tempo de descontos. 

No final desse jogo, Sérgio Conceição deu um murro na mesa, ao referir a falta de união no clube e colocou o seu lugar à disposição do Presidente. Felizmente Pinto da Costa é um dirigente que consegue ver mais além, deu o seu apoio a Sérgio Conceição e não aceitou outro cenário que não fosse a continuidade do treinador. 

Este episódio foi importante no desenrolar do resto da temporada, porque, por certo, o mais fácil seria o Presidente tirar o tapete ao treinador, mandá-lo à sua vidinha e contratar outro para o seu lugar (como aliás, muito se faz neste futebol português). Se o tivesse feito, provavelmente, o FC Porto não teria sido campeão, nem vencido a Taça de Portugal. Contudo Pinto da Costa manteve o treinador no seu lugar, deu-lhe confiança e o FC Porto continuou o seu caminho na época. 

 

O campeonato 

A prova mais importante para o FC Porto, aquela cuja conquista é, sempre, o objetivo máximo, não começou nada bem para os azuis e brancos, que entraram a perder em Barcelos, frente ao regressado Gil Vicente. Mas dias depois venciam, sem margem para dúvidas, na Luz e parecia que tudo ia ser diferente daí para a frente. Não foi bem assim.

O FC Porto fez o campeonato como se estivesse numa constante montanha russa: alternou boas exibições, com outras menos boas, com outras más, e ainda com outras em que conseguiu passar pelos 3 estados num só jogo. O campeonato é uma prova de obstáculos. Sim, o FC Porto, ao longo do percurso, tropeçou algumas vezes, mais do que gostaríamos que tivesse acontecido. E neste contexto, tal aconteceu porque houve jogos em que o problema da falta de eficácia voltou a marcar presença, o que deixava-nos, adeptos, à beira de um ataque de nervos. Um exemplo dessa falta de eficácia ocorreu na Vila das Aves, já na parte final do campeonato. Outras vezes, também mais do que gostaríamos, a equipa ultrapassou obstáculos de forma menos brilhante. Mas o facto é que o mais importante é conseguir somar os 3 pontos. 

A verdade é que em janeiro, quando o FC Porto ficou a 7 pontos de distância do Benfica, muitos já entregavam o título aos encarnados, esquecendo-se que ainda faltava uma segunda volta para jogar. Sim, nós portistas também ficamos descrentes, porque na verdade parecia uma missão quase impossível. Só que não foi. Foi preciso forças para, primeiro, desfazer a desvantagem de 7 pontos, que começou quando o FC Porto venceu em casa o Benfica, reduzindo a distância para 4 pontos. E de jogo em jogo, passo a passo, os Dragões somaram pontos e colocaram-se na liderança do campeonato. 

Depois o corona vírus fez tudo parar. Na incerteza se o campeonato retomaria ou não, o FC Porto colocou os seus atletas a cumprir planos específicos de treino em casa, de modo a não perderem a forma física. Não sendo a mesma coisa do que manter o ritmo no relvado, foi melhor do que colocar os jogadores de férias. 

Confesso que estava reticente com o regresso do campeonato num cenário de pandemia, porque não me parecia prudente jogar quando o vírus circulava. Para além disso parecia-me impossível garantir que jogadores ou staf de uma qualquer equipa não corriam riscos de ficar infetados. Para além disso todos sabíamos que se o campeonato voltasse a parar, não seria retomado. Não estava de acordo mas recomeçou, com jogos à porta fechada, e acabou por correr tudo bem, com alguns percalços pelo meio com alguns, poucos na verdade, jogadores a testar positivo.

Na retoma do campeonato, frente ao Famalicão, o FC Porto não entrou bem, perdeu os 3 pontos e correu sérios riscos de perder a liderança do campeonato, contudo, tal não aconteceu e conseguiram consolidar a liderança. 

Em suma, o FC Porto fez uma segunda volta em contra relógio, com o foco no objetivo máximo. Chegou a ter 7 pontos de desvantagem, recuperou-os e ainda conseguiu somar mais 5, os que ditaram a vantagem portista no final do campeonato. Portanto, o FC Porto ganhou ao Benfica 12 pontos para sagrar-se campeão. Há que referir que os Dragões sagraram-se campeões com uma vantagem de 8 pontos sobre o Benfica, segundo classificado. Sim, o Benfica foi incompetente por não conseguir segurar a vantagem de 7 pontos, mas o FC Porto teve de ser muito competente para aproveitar os deslizes do Benfica. É que se o FC Porto não aproveitasse esses deslizes, não ganharia nada com as escorregadelas do Benfica. Sim, foi difícil, mas o título é do FC Porto de forma justa. 

 

A Taça de Portugal

O FC Porto realizou uma prova mais ou menos tranquila, com uma meia final teoricamente fácil que quase complicava a vida dos Dragões.

Este ano a final foi diferente, não só porque não teve público nas bancadas, mas também porque, ao contrário dos outros anos, jogou-se em Coimbra.

Na final o FC Porto defrontou o Benfica num jogo em que não se esperava fácil, mas que ao intervalo parecia ainda mais complicado. Os Dragões ficaram reduzidos a 10, devido à expulsão de Luis Diaz e sem o seu treinador no banco, devido a expulsão. Mas a equipa não deu por perdida a final, uniu-se, fez das fraquezas forças, marcou dois golos, aproveitando da melhor forma dois lances de bola parada e defendeu-se bem. No final a Taça veio para o Dragão. Foi à Porto! Contra tudo e contra todos!

 

Para concluir, volto ao episódio na final da Taça da Liga, em Braga, para agradecer e a Pinto da Costa, por ter permitido que Sérgio Conceição continuasse no Dragão e acreditar que com ele seria possível recuperar o título de campeão e a Taça que já escapava há demasiado tempo; a Sérgio Conceição, por nunca ter desistido de acreditar que seria possível alterar o rumo dos acontecimentos e terminar a época com os títulos de campeão e de vencedor da Taça de Portugal; e aos jogadores, por nunca terem desistido de lutar (lutaram como irmãos).

 

 

 

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