terça-feira, 21 de junho de 2022

Não Estou a Saber Lidar Com o Mercado

   Ver miúdos da formação ter oportunidade de jogar, brilhar e alcançar conquistas na equipa principal é algo que, invariavelmente, nos deixa felizes, com orgulho por ver que ali, para além de atletas estão meninos da casa, que são uns de nós lá dentro. 


E esta época eram primeiro 7, 7 de nós lá dentro, depois ficaram 6 miúdos a encherem-nos de orgulho.


Mas de cada vez que abre o mercado, vem o reverso da medalha. São os meninos da formação, os nossos meninos, que atraem mais pretendentes. Sim, sei que não é só, também todos aqueles que não sendo da formação, se destacam, atraem atenções. 


E nós não gostamos de os ver sair, porque são os nossos meninos, são os que melhor nos representam lá dentro, por nós ficariam cá toda a carreira. 


Mas será que o FC Porto pode resistir a vender? Será que é fácil afastar quem tem dinheiro? Nós gostávamos que sim, mas na verdade não sei se é bem assim. O FC Porto precisa de vender para equilibrar contas e para ir ao mercado. Às vezes até parece que muitos já se esqueceram que o clube está a sair de uma situação financeira complicada. Portanto, as coisas são o que são. O FC Porto forma ou contrata, valoriza e vende, é este o ciclo.


E há ainda outra questão pertinente, a vontade dos jogadores. Quem não quer ganhar mais? Ora, é fácil, por exemplo, um clube inglês ou espanhol, independentemente dos objetivos desportivos que tenha, oferecer mais, muito mais do que o FC Porto pode pagar. E isso dificulta a continuidade dos atletas ou as renovações de contratos. 


E mais, o futebol tornou-se um negócio, em que os empresários pouco se importam com as carreiras dos atletas. O importante é que não fiquem demasiado tempo num clube. 


Ao ler o que se escreve nas redes sociais (e para quem não sabe do que estou a falar, deixem-se estar na ignorância, porque é só malta a trocar argumentos como se já estivéssemos em período eleitoral, basicamente, quem é a favor de Vilas Boas ou não) pergunto-me: acham que com outra direção desaparecia, por magia, a necessidade de vender? Olhem que não. 


Se pudéssemos escolher, o FC Porto não vendia os melhores, titulares ou suplentes. Se pudéssemos escolher, o FC Porto comprava por 35 milhões não vendia. E minha gente, se fosse eu a decidir, os que sairiam duvido que fosse por muito. Mas não podemos escolher e os negócios do futebol são o que são.


Vender pelas cláusulas, por muito que muitos digam que o fizeram, parece que tal acontece cada vez menos. O que existe cada vez mais são formas de fazer os valores do negócio subir ao longo do contrato do atleta com o novo clube, por objetivos.


O que mais me custa é ver alguns sair para equipas com projetos desportivos menos interessantes que os Dragões. 


Hoje confirma-se a saída de Fábio Vieira , por 40 milhões de euros, 35 milhões mais 5 milhões por objetivos, para o Arsenal. Custa porque é um jovem  da casa, um jogador promissor que ainda tem muito para evoluir e sabemos que no FC Porto iria ser importante. Forte murro no estômago. 


Podemos questionar se é bom ou mau negócio. Eu, que nem percebo muito de finanças, digo, aceitável no plano financeiro, no plano desportivo,  não é positivo para o FC Porto. 


Dificilmente vamos, todos, concordar com um negócio, seja pelos valores, seja pelo atleta. Facto. Não gostamos de ver os melhores sair. Sinceramente, nem pela cláusula, nem abaixo nem a cima. Se não vejamos. Imaginemos que em vez do Fábio Vieira era o Otávio  a ir para o Arsenal por 35 milhões, concordariam? Eu sei a resposta. Não, porque afinal de contas nós não gostamos de ver sair os melhores. 


O problema é que, até ao fecho do mercado, tenho a certeza que vamos levar mais murros destes no estômago. Até porque parece eminente a saída de Vitinha para o PSG. 


E, apesar de entender que o FC Porto necessita de vender, não estou a saber lidar com este mercado. Nunca vou saber lidar com estas saídas, nunca. 



 

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