sábado, 6 de novembro de 2010

Miguel Lopes

“"Começámos a ganhar no balneário"

PEDRO MARQUES COSTA

Um ano no FC Porto, mais uma pré-temporada com André Villas-Boas e ainda alguns minutos de competição no único troféu conquistado esta época. Miguel Lopes partiu para jogar no Bétis por empréstimo, mas nunca se desligou do Dragão, até porque faz questão de manter o contacto com dirigentes e antigos companheiros de equipa, alguns com quem construiu uma amizade "sólida". Apesar de ter sido dispensado temporariamente - "para crescer e jogar com mais regularidade", lembra -, só guarda elogios para André Villas-Boas. Aliás, nesta conversa com O JOGO em vésperas do clássico, chegou mesmo a atribuir-lhe o maior mérito desta aparente metamorfose do Dragão. "Este ano, chegou ao FC Porto um treinador jovem, com muita ambição e muita vontade de vencer. Ele trabalha muito e bem a cabeça dos jogadores. Incutiu uma mentalidade ganhadora naquele balneário e é isso que está a fazer a diferente. Ele só pensa em vencer; para ele não interessa mais nada. Tem muita confiança e transmite isso aos jogadores. Nunca chega ao balneário com um discurso de medo, nunca diz, por exemplo, que o jogo vai ser difícil. Nada disso. Ele opta sempre um discurso optimista, diz que vamos ganhar, que somos bons, que vamos ser campeões", conta o lateral que participou nos últimos 16 minutos do jogo da Supertaça. E precisamente por saber o que é vencer o rival da Luz num clássico, O JOGO quis saber o que aconteceu antes daquele jogo em que as circunstâncias (Benfica campeão) até apontavam para um maior favoritismo/vantagem do adversário. "Começámos a ganhar a Supertaça no balneário. Antes do jogo, no balneário, os gritos de incentivo foram incríveis. O ambiente no grupo estava fantástico... Estava tudo a babar-se para ir para dentro do campo, tal era a vontade de vencer. Foi uma loucura".
Apesar dos elogios sinceros a André Villas-Boas, nem sempre concorda com ele. Nos últimos dias, por exemplo, recusou-se a assinar a ideia lançada pelo treinador de que este clássico não é decisivo para o Benfica. "Claro que é decisivo. O Benfica vai dar a vida neste jogo". E explicou porquê: "Na eventualidade de o FC Porto ganhar, penso que o campeonato fica fechado. Sinceramente, e conhecendo aquele grupo por dentro, não estou a imaginar o FC Porto a perder 10 pontos para o Benfica no que ainda falta para jogar. Conheço bem o espírito daquele balneário e atrevo-me mesmo a dizer que isso é impossível. É lógico que o FC Porto vai perder pontos até ao final do campeonato, mas os outros também".

Miguel Lopes considerou ainda que o Benfica está mais forte do que na partida da Supertaça, mas também não tem dúvidas em afirmar que ainda não conseguiu atingir o mesmo nível da última temporada. "O Benfica sentiu as saídas do Ramires e Di María, sobretudo porque os jogadores que chegaram estão longe de apresentar a mesma qualidade. Eles perderam confiança. Mas agora estão um pouco melhor, como podemos ver na partida com o Lyon".

A concluir, provavelmente a pergunta mais difícil: qual vai ser o resultado do jogo de amanhã? "Sei lá. Não faço a mínima ideia. É sempre difícil prever um resultado num jogo destes, porque tudo pode acontecer durante um clássico. São jogos diferentes de todos os outros. Sobre este assunto, só tenho uma certeza: quero que o FC Porto vença".


"Ninguém pára o Hulk"

No arranque da temporada, era difícil imaginar um início tão demolidor do FC Porto - 15 vitórias e zero derrotas em 17 jogos. Miguel Lopes concorda com a ideia, apesar de, com o passar do tempo, ter começado a acreditar que era possível acontecer algo de parecido. "Tem sido uma época fantástica. O FC Porto está a jogar num nível muito elevado e é, sem qualquer dúvida, a melhor equipa portuguesa da actualidade. É difícil alguém derrotar o FC Porto neste momento. A partir de um determinado momento, comecei a sentir que só podiam perder se acontecesse uma anormalidade". Para além de um colectivo forte, o lateral lembra as individualidades que se destacam, com especial incidência para o mesmo de sempre: o brasileiro Hulk. "A equipa está a funcionar muito bem e, dessa forma, o talento individual de cada um sobressai com mais facilidade. Há vários jogadores no plantel com capacidade para fazer a diferença a qualquer momento... O Hulk, por exemplo, está a atravessar um momento de forma absolutamente incrível. A jogar assim, ninguém o pára".


A qualidade de Fucile e a inteligência de Sapunaru

Sapunaru ganhou o lugar no lado direito da defesa a Fucile, mas Miguel Lopes não ficou admirado com a opção de Villas-Boas. "O Fucile começou mais tarde, depois de ter participado no Mundial, e o Sapunaru aproveitou bem a oportunidade. Não estou surpreendido com a resposta que tem dado, porque sabia que tinha qualidade. Defende muito bem e, com o Villas-Boas, melhorou no aspecto ofensivo. Agora, escolhe de uma forma mais inteligente quando é que deve subir no terreno". Apesar disso, Miguel Lopes recordou a "grande qualidade" de Fucile, numa luta pela titularidade que "continuará até ao final da época".


"Todos gostam de mim"

Quando Miguel Lopes trocou o FC Porto pelo Bétis não sabia muito bem o que ia encontrar. Agora, alguns meses depois, não tem dúvidas em afirmar que fez uma excelente escolha. "Esta aventura está a correr muito bem. Conheci gente nova, um campeonato diferente e está a ser óptimo. Adaptei-me rapidamente e tenho sido sempre titular, com excepção dos jogos da Taça, durante os quais o treinador tem optado por fazer alguma rotação na equipa". O objectivo passa por regressar ao Dragão, embora não esteja colocada de parte a permanência no Bétis. "Estamos no primeiro lugar e temos todas as condições para subir. As pessoas do clube gostam de mim, os adeptos também. Gostam da minha atitude e do meu empenho, e até dizem que é raro ver um jogador emprestado com esta vontade", confessou por entre um sorriso.”

Em
www.ojogo.pt

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