sábado, 5 de junho de 2010

Apresentação de Vilas Boas

Gosto do discurso…

“"O compromisso é com a vitória"
CARLOS GOUVEIA / TOMAZ ANDRADE

Sorridente e afável, Villas-Boas enveredou por um discurso com frases fortes. E ganhar é a única coisa que lhe interessa.

Que objectivos tem nesta primeira temporada? Promete o título?

Prometer faz-me relembrar 2002 quando um predestinado prometeu pela primeira vez. Agora promete-se à primeira conferência e há muitas que ficam por cumprir. O nosso compromisso é com a vitória, este clube vence desde 1893 e quero continuar a vencer. Quero deixar a minha marca e fazer parte da história deste clube. Promessas cheira a mais do mesmo, é repitação.

O que é que representa para si chegar ao FC Porto com apenas 32 anos?

Isso tem tido um impacto exagerado. Referem-se muito à juventude, mas o mais importante e o que pesou foi escolher competências e um perfil. O presidente teve isso em conta. Isso é mais importante do que debater situações que podem sondar negativas.

Assinou por duas épocas, é um contrato à experiência?

De todo. É um contrato ajustado à realidade. De que adianta ter contratos de cinco ou seis anos para depois não se mostrar competências ou vitórias. Os ciclos são mais curtos e, por isso, essa não é uma questão justa. Ganha-se, continua-se. É um contrato que me dá as máxiams garantias.

Chegar ao FC Porto é o concretizar de um sonho?

A escolha não foi para satisfazer o capricho do rapaz, mas de um início novo, de um novo líder. Sei o que querem de mim e quero atingir esse sucesso, que é inerente à cultura do FC Porto. Chegar a um grande significa muito para um treinador. Muitos passam anos sem ter uma oportunidade. Eu chego agora porque se acreditou num corpo comum de ideias.

Esta aposta é mais um risco ou apenas um projecto aliciante?

Todas as exigências de um clube grande são obter sucesso sempre, ganhando tudo o que há para ganhar. Sinto-me bem com isso e tenho todos os meios à disposição, estrutural e funcionalmente, para vencer. Vou procurar passar as minhas ideias, a minha filosofia. E por isso também acho que venceu uma nova ideia, uma nova mensagem e um novo estilo de jogo, se calhar. Agora é preciso aliar tudo isso para se continuar a ganhar títulos.


"Mourinho? Sou mais clone de Robson"

Villas-Boas procurou afastar o estigma Mourinho, com quem não falou nos últimos tempos, no dia em que foi apresentado como treinador portista. Primeiro, recusou-se a prometer título como fizera o Special One em 2002, depois, considerou ser mais parecido com Bobby Robson do que com o técnico português. "Para muitos cheira a imitação e a clone, mas refuto completamente isso. Sou até mais clone de Robson do que de Mourinho", assegurou, antes de apresentar argumentos: "tenho ascendência inglesa, o nariz grande e gosto de beber vinho...", brincou. No entanto, não se mostrou preocupado com as associações. "Qualquer um deles me marcou, o Robson pelo empurrão inicial, mas também partilhei ideias e cresci à volta de Mourinho; além disso, neste clube houve muita gente que me viu crescer como treinador porque entrei para cá aos 17 anos. Muita gente teve impacto no meu 'background'", admitiu. Contudo, garantiu ter um estilo próprio. "Criei as minhas ideias, adaptei-me ao futebol moderno. Gosto de um estilo de jogo, marquei a diferença com um nova forma de encarar o jogo e de jogar futebol. Mas sei perfeitamente o que é que se exige num clube de topo, sei o que é rendimento para este clube e qual o "target" que tenho de atingir", frisou.


"Incompetente é coisa que não sou"

Será que a mudança de treinador significa uma mudança de paradigma no FC Porto, com novo sistema táctico? André Villas-Boas não quis abrir o jogo. "Fala-se muito em modelo de jogo mas, se calhar, ele até nem está definido", admitiu. Não obstante, garantiu ter tudo muito bem estruturado quanto ao que quer implementar no clube. "Fala-se muito da boca para fora de organização, mas tenho isso bem definido. Se não tivesse era incompetente e isso é coisa que não sou. Tenho as coisas bem definidas, seja em treino ou em jogo. Sei o que quero da equipa e vou procurar com que tudo funcione", sublinhou. Villas-Boas não prometeu título de campeão no ano de estreia, mas sabe que o seu futuro no Dragão, ou em qualquer outro lado, depende dos resultados. Convidado a deixar uma mensagem aos adeptos que estarão mais cépticos em relação à sua chegada ao FC Porto, o técnico mostrou-se confiante de que não vai precisar de muito tempo para os convencer. "Os nomes tornam-se consensuais à medida que vão ganhando jogos e eu espero ganhar rapidamente. Daqui a quatro ou cinco semanas, quando passar lá fora, as pessoas já vão estar mais de acordo", atirou. Afinal, André é portista desde pequenino e quer usar o conhecimento adquirido no clube. "Sei quais os valores que são defendidos nesta casa, já os defendi até à exaustão. De certeza que não foi isso que pesou na decisão do presidente, mas serve-me como guia. Tenho essa referência e sei o que esperam de mim".


Idade cria inveja não um problema

A ideia passava apenas por um pequeno discurso de introdução, mas Pinto da Costa acabou por abrir uma excepção e respondeu a uma pergunta, relativa à idade de André Villas-Boas, de 32 anos.

Aliás, a idade do novo treinador, o mais jovem de sempre no FC Porto, é um tema recorrente por estes dias. "De todas as pessoas com quem falei, não conheço nenhum que esteja céptico. Ouvi muita gente antes de tomar uma decisão e, no momento crucial, todas as pessoas apoiaram esta escolha. Não vejo por que possa estar preocupado, porque quando se acredita num projecto novo é para ir para a frente sem receios e sem pensar que haja alguém que não esteja agradado.
Quanto ao problema da idade, em dois dias o André já tem três mil anos, porque foi dito tantas vezes que tem 32 anos que, se forem somando, ele já é antes de Cristo", disse o presidente do FC Porto, que fechou o discurso com uma observação. "Estão muito preocupados com a idade do André. Olhe, eu sou muito mais velho do que ele e não estou preocupado, estou é com inveja. Se calhar é o que muitos têm". E mais não disse Pinto da Costa. "Ainda posso ser castigado", brincou.
Antes do início da cerimónia, e já na sala VIP, o presidente entregou a André Villas-Boas o novo cartão de sócio do FC Porto depois da renumeração levada a cabo recentemente. O treinador é sócio desde os dois anos de idade e tem o número 11 428. Este foi apenas um dos muitos momentos de cumplicidade entre presidente e treinador.


E André animou o circo mediático

Marcada para as 13 horas, a apresentação de André Villas-Boas começou com seis minutos de atraso. Foi nessa altura que o treinador surgiu na sala VIP do Estádio do Dragão, ladeado, claro, por Pinto da Costa, que arrastou atrás de si toda a administração da SAD e toda a equipa técnica, composta por Vítor Pereira, Pedro Emanuel, José Mário Rocha e Will Coort. A sala já estava preenchida com todos os vice-presidentes do clube e muitos funcionários do Grupo FC Porto, totalizando, assim por alto, quase uma centena de pessoas. Sala cheia, portanto. Vítor Baía não esteve presente.

Vestido a rigor, mas sem gravata (ou seja, manteve o traço visto na Académica, com a tradicional camisa branca), Villas-Boas esperou 35 segundos, tempo que Pinto da Costa demorou a apresentá-lo, para enfrentar o circo mediático. A hora era de informação televisiva e os directos foram feitos em todas as estações. Na sala VIP do Dragão foram montadas dez câmaras, registando-se a presença de mais de 50 jornalistas.

Envolvido pelo relvado e bancadas do Dragão, André Villas-Boas não escondeu um brilho nos olhos quando começou a falar. Afinal de contas, estava a cumprir um sonho alimentado por 30 anos de filiação ao FC Porto. Antes de a cerimónia começar, Pôncio Monteiro não se conteve e deixou escapar um comentário: "Estão aqui muitos juvenis". A referência foi para toda a equipa técnica do FC Porto, marcada pela juventude e também pela ligação ao clube.

Ao cabo de 18 minutos, Villas-Boas lá abandonou a sala, mas antes deu o primeiro autógrafo, supostamente a um funcionário, uma vez que os adeptos (poucos) ficaram do lado de fora. Mais uma coisa: tirando as conferências de Imprensa, o treinador não vai dar entrevistas individuais ao longo da época.


Revista de Imprensa
uefa.com

O site da UEFA noticiou a apresentação oficial de André Villas-Boas, qualificando esta aposta no agora treinador do FC Porto, como "excitante", numa altura em que o clube dá um passo para "uma nova era do seu futebol". A Liga Europa é apontada como um grande desafio para Villas-Boas.

CBS

Na CBS, Villas-Boas é ligado a José Mourinho, apresentado como seu adjunto e dono de conhecimentos adquiridos também sob a tutela do Special One durante as suas passagens pelo Chelsea e pelo Inter, sublinhando-se ainda o bom trabalho feito em Coimbra.

MARCA.COM

Em Espanha, o jornal "Marca" destaca a apresentação de André Villas-Boas, descrevendo-o como um técnico que quer ganhar tudo no FC Porto, consciente das exigências que lhe são feitas, mas seguro de si e da sua competência para levar a cabo a tarefa de devolver o FC Porto às vitórias.

CARACOL Rádio

A rádio Caracol, da Colômbia, sublinha o papel de Villas-Boas na Académica, que conseguiu manter na I Divisão portuguesa, descrevendo-o ainda como adjunto de Mourinho perito nas observações das equipas que o Special One defrontou no Chelsea e no Inter.

Sport.be

O Sport.be, da Bélgica, anuncia que "o aluno de Mourinho vai treinar o FC Porto", considerando o novo técnico dos dragões como o "discípulo" do Special One, adiantam que Villas-Boas arrancou verdadeiramente com a sua carreira de treinador na Académica, evitanto a sua despromoção.

L'Équipe

Por fim, no "L'Équipe", André Villas-Boas é apresentado como um treinador que, apesar da juventude, apostou na conquista de títulos ao serviço do FC Porto. O diário francês, sublinha ainda o facto de se tratar de um ex-colaborador de José Mourinho no Chelsea e no Inter.”


EM
www.ojogo.pt

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

É um discurso novo, arrojado, que foge à banalidade, ao lugar comum, de alguém que tem consciência do que o espera, mas que se sente preparado para o grande desafio.

Beijinhos e bom fim-de-semana