segunda-feira, 28 de junho de 2010

El Comandante e o FC Porto

“"Gostava de terminar no FC Porto"

FEDERICO DEL RIO

As quatro épocas que passou no FC Porto marcaram decididamente Lucho. O argentino saiu há um ano, rumo ao Marselha, mas não esqueceu o clube, os dirigentes, os adeptos e também a cidade. Tanto assim que terminar a carreira no Dragão é uma hipótese que El Comandante pondera seriamente. A revelação foi feita na Argentina, num programa de rádio, quando analisava as condições para um eventual regresso ao seu país. "Tenho as melhores recordações do FC Porto, um clube no qual vivi momentos inesquecíveis, criando-se uma ligação muito importante com os adeptos e os dirigentes. Sei que no FC Porto tenho a porta aberta para regressar em qualquer momento e não descarto essa hipótese", disse Lucho na Rádio La Red, entrevistado para o programa "100 por cento River".

Além da ligação afectiva ao FC Porto, o internacional argentino criou raízes na cidade nortenha, onde mantém residência, de resto. "É um lugar muito bonito. Gosto da cidade, do clube, de tudo. Talvez tenha a oportunidade de acabar a carreira com a camisola do FC Porto", insistiu Lucho. Antes, dera alguns argumentos que podem inviabilizar o fim da carreira no seu país. "Há muitos aspectos que se questionam na hora de voltar à Argentina. Não é apenas a questão afectiva, de estar perto da família e dos amigos, mas também a parte desportiva e a qualidade de vida que podemos ter em outro lugar. Por isso, não é fácil aos clubes argentinos conseguirem repatriar jogadores. É evidente que sempre se pensa nos clubes em que jogámos e por vezes imaginamos o regresso. No meu caso, tenho as melhores recordações do Huracán e do River Plate e seria bom regressar. No entanto, resta-me cumprir mais três anos de contrato em França", explicou.
De seguida, falou então na hipótese de terminar a carreira no FC Porto. Ora, neste momento Lucho tem 29 anos e restam-lhe mais três anos de contrato com o Marselha. Ou seja, tem contrato até aos 32 anos, uma idade que ainda possibilita jogar ao mais alto nível.

A saída de Lucho para o Marselha teve contornos curiosos. Com 28 anos, e depois de ter dito numa entrevista a O JOGO que pensava mesmo terminar a carreira no FC Porto, o clube francês interessou-se pelo médio argentino. Como Lucho não queria sair, e a SAD não estava muito interessada em vender o seu passe, os dirigentes do Marselha perguntaram ao jogador quanto queria ganhar. Lucho pensou e atirou com um número elevadíssimo, de maneira a que os franceses perdessem o interesse. O resto da história é conhecida. O Marselha aceitou pagar a tal verba - 4,3 milhões de euros por quatro anos de contrato, o que dá um salário mensal de 358 mil euros - e negociou com o FC Porto, apresentando uma proposta de 18 milhões de euros (mais bónus por objectivos), praticamente irrecusável devido à idade do jogador. E Lucho ficou a ser o terceiro jogador mais bem pago de França.


Primeiro carregamento e a moda dos beijinhos

Lucho e Lisandro inauguraram duas modas em Portugal: abriram as portas do mercado argentino, fonte cada vez mais privilegiada dos emblemas nacionais – no FC Porto são cinco e outros tantos no Benfica. Além disso, introduziram o beijinho como cumprimento entre os jogadores. Uma moda que demorou um pouco a generalizar-se. No início houve quem estranhasse tal manifestação entre atletas, agora é prática corrente.


El Comandante sempre em festa

TOMAZ ANDRADE

Lucho é um nome incontornável na história do FC Porto. O argentino chegou no início da época de 2005/06, quando a equipa vinha de uma temporada vazia em termos de títulos (tinha experimentado sem sucesso três treinadores), e enquanto esteve no Dragão o clube ganhou sempre o título nacional. Foi, talvez, a principal figura do tetracampeonato. Também venceu duas Taças de Portugal. Ao todo foram seis troféus, para lá de participações vistosas na Liga dos Campeões, prova em que marcou nove golos.

Pelos títulos, mas sobretudo pelo tipo de futebol praticado, a empatia entre Lucho e os adeptos portistas rapidamente ganhou raízes. A alcunha de El Comandante nasceu quando o médio argentino marcou um golo e fez o gesto típico de um militar. Os companheiros gozaram-no e, apesar de Lucho não concordar muito com a ideia, foi-se habituando ao nome, até porque na rua e no balneário era assim que o tratavam. Dentro do campo Lucho foi sempre um líder. Com a camisola oito, o médio foi tão essencial para Co Adriaanse na primeira época, como fundamental para Jesualdo Ferreira nas três temporadas seguintes. O futebol de régua e esquadro era uma especialidade do internacional argentino, importante também nas transições ofensivas. A prova da sua influência no futebol da equipa está nos resultados alcançados durante a última época. Sem Lucho, Jesualdo andou uma boa parte da temporada a tentar encontrar a fórmula de sucesso e só com a chegada de Rúben Micael a equipa estabilizou.

Apesar da nacionalidade, Lucho foi um dos capitães de equipa, ou seja, mais uma prova do elevado estatuto que alcançou no FC Porto.


Números

155

Jogos realizados pelo médio argentino com a camisola do FC Porto no total de todas as competições. Se no campeonato português somou 111 partidas, na Liga dos Campeões participou em 30 jogos.


44

Golos festejados por Lucho no FC Porto. O número é elevado e impressiona por se tratar de um médio. Na primeira, segunda e quarta época marcou 12 golos em cada, enquanto na terceira temporada apontou oito golos.


19

Há um ano, Lucho foi para o Marselha a troco de 18 milhões de euros, valor que pode subir até aos 24 milhões, dependendo da performance desportiva. Ora, o Marselha foi campeão e já vai pagar mais um milhão.”

EM
www.ojogo.pt


Grande jogador, não me lembro de ouvir, no Dragão, assobios dirigidos a este fantástico médio, que desde logo cativou os adeptos portistas. Que saudades que eu tenho de Lucho, aliais, creio que todos os adeptos portistas também tem.
Creio que todos nós, portistas, aplaudiríamos o regresso de El Comandante.

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