segunda-feira, 9 de maio de 2011

Completamente de Acordo

“As decisões especiais de um treinador banal

JOSÉ MANUEL RIBEIRO

Nas últimas duas semanas, Villas-Boas explicou muito bem, por actos, o que há de diferente entre este FC Porto e o anterior, ou até outros antes desse.
Começou a exposição no primeiro jogo das meias-finais da Liga Europa, quando permitiu que o lateral Álvaro Pereira fizesse as vezes de extremo-esquerdo,
como de costume, enquanto Nilmar e outros venenos do Villarreal lhe dançavam livres nas costas. Permitiu que fosse assim durante a primeira parte inteira,
indiciando que era um risco consciente: não abdicou de uma arma, não aceitou ser mais fraco do que o costume só porque o adversário o chantageava. Na segunda
mão, colheu cumprimentos por ter arriscado jogar com Moutinho, ou melhor, por o jogo ter deixado claro que fazer o contrário, apesar do risco de suspensão
por limite de amarelos, era tolo. Mas outra conclusão, para além dos dons premonitórios do (afinal) antigo oráculo de Mourinho, ficou por tirar: a época
vai em 55 jogos, faltam três para acabar, e nem uma vez, incluindo nessa segunda meia-final da Liga Europa em que havia um resultado de 5-1 a ancorar a
eliminatória, o FC Porto fez concessões ao adversário. Nunca mudou a estrutura, nunca variou o sentido do jogo e, quando alterou nomes no primeiro onze,
ficou sempre evidente que não o fez para defender. Li elogios, correctos, ao que o Villarreal jogou nesse segundo confronto, mas faltou dizer que usar
dois trincos, amarrar os laterais, abdicar de um ou dois avançados lhe teria roubado espaço e reduzido o galope. Nove em cada dez treinadores tê-lo-iam
feito (e, provavelmente, falhado a final). Nove em cada dez treinadores, a ganhar 2-0 ao Paços de Ferreira a jogo e meio de concluir um campeonato sem
derrotas, também não teriam deixado a equipa continuar a divertir-se como ontem.”

Em
www.ojogo.pt

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