terça-feira, 15 de maio de 2012

Revisão e Reflexão da Época

Ponto prévio, esta época não foi fácil. E por isso o título tornou-se mais saboroso, as coisas quando são conquistadas com um grau de dificuldade maior sabem sempre bem. Uma vez que a época findou, é hora de rever e refletir sobre os acontecimentos da mesma. O post é grande, mas foi impossível ser mais pequeno.

Do sonho ao pesadelo

A época passada foi de sonho, o FC Porto conquistou tudo, ou quase tudo o que tinha para conquistar – foi campeão, venceu a Taça de Portugal e a Supertaça portuguesa e, a cereja no topo do bolo, a Liga Europa. Apenas faltou conquistar a Taça da Liga. Ora, com uma época de sonho assim, nós portistas começamos a ambicionar prolongar esse sonho, no fundo, bem lá no fundo, alimentávamos a esperança de se repetir o feito de 2003 e 2004. E, afinal de contas tudo parecia encaminhado para a tentativa de repetir esse feito.

Eis que, uma semana antes da pré-época começar, André Villas-Boas decidiu sair da “cadeira de sonho”. Aí, nós portistas sentimos que a esperança, o sonho de ver repetir-se a história, foi por água abaixo. E, porque no FC Porto o Presidente é quem assume as responsabilidades, perante a saída de Villas-Boas, promoveu Vítor Pereira de adjunto a treinador principal. Correu riscos? Claro, mas afinal parece-me que a aposta num treinador é sempre um risco. Na altura pareceu-me a melhor solução, Vítor Pereira já conhecia o grupo e o grupo já o conhecia, assim as coisas ficavam mais fácies para todos.

Resolvida a questão da sucessão do treinador, arrancou a pré-época, com aparente tranquilidade. Digo bem, aparente tranquilidade, porque a pré-época, início da época com o mercado de transferências aberto, foi terrivelmente turbulenta. As notícias de entradas e principalmente de saídas foram uma constante, foi necessário gerir a ansiedade de alguns jogadores que pretendiam sair e que acabaram por ficar. Para além disso, houve jogadores em prova ao serviço das seleções e, logo, não estiveram presentes no arranque dos trabalhos. Tudo isto não facilita o trabalho de nenhum treinador. Vítor Pereira ficou com esta “batata quente” nas mãos e teve de lidar com a situação.

O problema do avançado

A saída de Falcao foi mais uma complicação. O colombiano esteve na equipa até bem perto do fecho de mercado, o que não facilitou a situação. É verdade que Kleber já estava a treinar, mas quando foi contratado foi no intuito de ser suplente de Falcao. Assim Kleber tinha tempo de se adaptar sem pressas nem a preção de ser ele a decidir. Ora, com a saída do colombiano o brasileiro ficou com o peso e a preção sobre os seus ombros, não soube lidar com a exigência dos adeptos e acabou por não corresponder ao esperado. Esta é a minha visão do caso. Sim é verdade, a SAD errou, errou principalmente ao não ter conseguido arranjar uma forma para colmatar a saída de Falcao, a poucos dias do fecho do mercado de transferências. Talvez se tivesse conseguido contratar alguém a preção fosse repartida e as coisas seriam mais fáceis.

É verdade que Walter fazia parte do plantel, aliais, até janeiro fez parte, mas o brasileiro não começou bem a época, devido a um problema de saúde da filha, não foi inscrito na UEFA – terá sido este mais um erro? – a verdade é que depois Walter acabou por ser emprestado. Este é um caso que, para mim, é uma grande incógnita.

Na reabertura de mercado e, perante o empréstimo de Walter, o FC Porto foi buscar Janko. Mas o austríaco não pôde ajudar a equipa na eliminatória da Liga Europa, logo, o problema na frente de ataque ficou resolvido apenas no que diz respeito ao campeonato. E agora eu pergunto: e se o FC Porto tivesse ido buscar Janko em Agosto? Será que alguma coisa teria mudado na Europa? Talvez sim, talvez não.

A “limpeza” de balneário na reabertura de mercado

Em Janeiro o FC Porto tratou de fazer uma espécie de limpeza no balneário. Belluschi, Guarin, Fucile, Souza e, como já referi, Walter, foram emprestados. Pretendiam jogar mais e não estavam a fazê-lo nos dragões. Na minha opinião o FC Porto fez bem em emprestar alguns deles.

As competições Europeias

Em Agosto o FC Porto marcou presença na final da Supertaça Europeia, frente ao Barcelona. Este jogo deixou uma excelente imagem de um dragão que parecia bem encaminhado para uma boa campanha europeia.

Entretanto veio a Liga dos Campeões. O FC Porto ficou inserido num grupo que muitos consideraram fácil, mas não foi bem assim. Os cipriotas do Apoel, que foram considerados a equipa mais fácil, ou pelo menos a menos complicada, decidiram tornar-se a revelação da prova. Frente a estes, o FC Porto perdeu pontos nos dois jogos. Sim, perdeu pontos por culpa própria, mas também é preciso lembrar que os dragões não passaram aos oitavos de final por asar, um jogo de asar. Seguiu-se então a Liga Europa, e aqui, a esperança de revalidar o título conquistado no final da época passada. Contudo o sorteio não foi nada meiguinho com os portistas e acabou por sair a fava, que é como quem diz, o Man City. Não considero que o FC Porto tenha jogado mal os dois jogos da eliminatória, mas, mais uma vez, ficou bem patente a falta de um avançado.

Se eu esperava mais da equipa nas competições europeias? Sim, claro que sim, do FC Porto espero sempre o melhor. Mas as coisas na Liga dos Campeões complicaram-se, muito por culpa da equipa, é verdade, mas também por falta de sorte. Perante a perspetiva de revalidar o título de vencedor da Liga Europa a despromoção da principal competição da UEFA até nem soava mal. Não soava até ao sorteio… e até sair o Man City. Mas como já referi, o FC Porto até nem jogou mal, faltou foi alguém que concretizasse as jogadas.

As competições internas

O FC Porto começou a época a ganhar, disputou e conquistou a supertaça de Portugal, numa final disputada frente ao vitória de Guimarães.

Outro momento complicado da época foi a eliminação precoce da Taça de Portugal, perante a Académica. Esse jogo foi terrivelmente mau, os jogadores pareciam não querer remar para que o barco chegasse a bom porto. E, nessa altura, muita gente supôs que Pinto da Costa ia mandar o treinador embora. Mas o Presidente não cedeu a preções externas e, segundo consta, quem terá ouvido – e bem - foram os jogadores.

Também aqui esperava mais, muito mais do FC Porto, mas nesse jogo a equipa esteve mais inclinada em fazer tudo mal. No entanto, este terá sido um jogo de viragem para o plantel.

Quanto ao campeonato, não foi fácil, os dragões tiveram altos e baixos; estiveram isolados na liderança; estiveram com a liderança repartida com o Benfica; estiveram a cinco pontos da liderança. E, neste momento andavam já grande parte dos tais supostos seis milhões convencidos de que iriam ser campeões. Contudo, no momento em que foi preciso a equipa portista reagir reagiu e, na Luz voltou a agarrar o lugar que era seu. No entanto, os dragões voltaram a ter uma escorregadela e, por uma jornada, o Braga foi Líder. Veio depois o jogo de Braga e aí sim, aí o FC Porto agarrou o primeiro lugar. E, a três jornadas do final os portistas puderam celebrar a conquista do bicampeonato , graças à vitória dos dragões no Funchal, perante o Marítimo, e ao empate do Benfica frente ao Rio Ave. Resta acrescentar que os portistas sagraram-se campeões no sofá!

Não foi fácil, mas também ninguém disse que as conquistas tinham sempre de ser fáceis, além disso, as mais difíceis sabem bem, sabem muito bem. E apesar da dificuldade, é importante salientar que os dragões perderam apenas um jogo para a liga portuguesa, um jogo, em que o árbitro foi o protagonista.

Se eu sempre tive esperança na conquista do campeonato? Bom, sempre acreditei que era possível, mesmo quando o FC Porto estava a cinco pontos da liderança. Claro que por vezes a razão fazia-me temer que não fosse possível, mas o coração pedia-me que acreditasse na equipa. Mas confeço que quando os portistas perderam a liderança para o Sporting de Braga, temi que os minhotos ambicionassem o campeonato de tal forma que não mais largassem a liderança e como ainda o FC Porto tinha de ir a Braga temi que as coisas complicassem-se. Contudo, a esperança continuava lá. Ainda bem que Em Braga o FC Porto ganhou e não mais escorregou. E ainda bem que mantive a esperança e a crença.

Sobre os jogadores

Hulk, Helton, João Moutinho, Maicon, Fernando, James e Lucho, foram, na minha opinião, cada um a sua forma, pedras fundamentais no xadrez de Vítor Pereira. Quantas vezes Hulk resolveu os jogos esta época? Quantas vezes Helton salvou a equipa? Quantas vezes Moutinho foi o motor? Quantas vezes Fernando foi fundamental? Pois é, todas as equipas tem jogadores determinantes e os que enumerei, na minha opinião, foram determinantes.

Hulk com os seus golos, deu vitórias, com os seus passes deu golos a marcar. O incrível está no FC Porto à tempo suficiente para nos habituar aos seus golos, as suas jugadas e a verdade, a verdade é que esta época foi ele o responsável por resolver jogos. E se Hulk sair? Bom, se Hulk sair o FC Porto perde um jogador determinante, mas a verdade é que não sei se o FC Porto conseguirá segurá-lo

Helton, com as suas defesas, tantas vezes salvou a equipa de perder pontos. Lembro-me claramente, do jogo dos dragões frente ao Nacional e como Helton foi determinante nesse jogo. Nesse e noutros. O número um portista inspira confiança à equipa e a nós adeptos.

Moutinho, bom, Moutinho não sabe ser mau jogador, por vezes pode é não estar em forma, mas é sempre um jogador importante para a equipa. Se sem estar em forma Moutinho é importante, quando está em forma, bom aí leva a equipa às costas.

Fernando, falou de mais no final da época passada, mas acabou por ficar e deu tudo à equipa. O médio é conhecido por o polvo, e realmente, Quando está em forma, varre a sua zona de ação.

Quanto a James, na minha opinião, foi melhor quando saía do banco, quando era chamado no meio dos jogos. Um exemplo disso foi o jogo da Luz. Mas o colombiano ainda tem muita margem de progressão e de maturação para ser cada vez mais decisivo na equipa.

Quanto a Maicon, como fez-lhe bem passar pelo lado direito da defesa, ficou um central mais concentrado. E ganha muito com essa concentração, ganha Maicon e ganha a defesa portista.

Lucho, bom Lucho voltou ao clube e de certa forma funcionou como um clique para a equipa, mas sobretudo para os adeptos.

Sobre Vítor Pereira

Como já referi, concordei com a opção tomada pelo Presidente Pinto da Costa, no início da Época. teria sido mais complicado se fosse outro treinador? Não sei, o que sei é que Vítor Pereira ficou com esta equipa nas mãos a uma semana do início da pré-época. Acredito que Vítor Pereira não teve vida fácil, teve de gerir ansiedade de uma equipa que vinha de uma época em que ganhou tudo o que tinha a ganhar e muitos pretendiam dar o salto para outro campeonato. Teve de lidar com as críticas vindas de todo o lado, até de portistas. É verdade que Vítor Pereira não é um excelente comunicador, mas é obrigatório o ser? Há muita gente, que atrapalha-se a falar em público, isso não é mal nenhum. E também não é preciso que Vítor Pereira seja um excelente comunicador, o que é preciso é que conduza a equipa a bom porto. Sempre defendi Vítor Pereira e por isso concordei com o Presidente ao nunca ter cedido a preções externas e que tenha mantido o treinador até ao fim, mesmo contra muita gente. E concordo com a continuidade de Vítor Pereira. Cá estarei na próxima época a defender o treinador do meu clube como fiz durante esta temporada.

5 comentários:

dragao vila pouca disse...

Parabéns, Ana, muito boa e muito equilibrada análise.

Bjs

Ana Andrade disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Andrade disse...

Caro Dragão Vila Pouca,
Muito obrigada. Nesta minha análise tentei ser o mais justa possível e ao mesmo tempo realista. Depois foi só escrever o que realmente penso e sinto...

Cumprimentos

Ana Andrade

Silva Pereira disse...

Bom dia
Parabéns.
se me permite esqueceu-se na limpezade balneário de acrescentar o Sousa.
No que diz respeito ao VP estou de acordo no entanto acrescentaria que como para qualquer lider é preciso assertividade e nesse particular acho que se pode corrigir. Vou dar um exemplo sabendo que a maioria da imprensa vive para denegrir o FCP, não gostei de ver o VP no Olival a pedir desculpa pelo atraso do inicio do treino, pq esse pedido de desculpa se todos estavam no seu trabalho, isso é por-se de gatas perante pessoas que desprezam a instituição FCP.
Isto não tem nada a ver com falta de respeito e nem é preciso dotes oratórios simplesmente saber quem representa.

Cumprimentos e bem aja

Ana Andrade disse...

Caro Silva Pereira,
Tem razão, esqueci-me do Souza...

Cumprimentos

Ana Andrade