Depois de ter publicado um post com o título perguntas sem
resposta, aqui vai a continuação…
Porque a equipa portista só joga bem 30 minutos? E o resto
do jogo é para quem?
Porque é que a defesa, que joga junta desde a época passada,
tem metido água?
Porque é que Ghilas continua a entrar tão tarde nos jogos,
quando se percebe perfeitamente que a equipa precisa dele em campo mais cedo?
Porque é que Herrera, dando boas mostras na B, segundo
consta, e ter entrado bem em Viena, não merece mais oportunidades?
Enfim, estas são perguntas comuns a muitos portistas e que o
ideal seria questionar directamente Paulo Fonseca. Por falar no treinador do FC
Porto, tomei a liberdade de partilhar aqui a carta aberta que o caro Vila Pouca
dirigiu a Paulo Fonseca, com a qual concordo plenamente. Seria bom que ele a
lesse…
“Carta aberta ao nosso Mister
- Caro Paulo Fonseca, vi-te no sábado passado na inauguração
do fantástico Museu F.C.Porto by BMG. Acredito que nem precisasses de ver toda
aquela grandiosidade
para conheceres a História riquíssima do F.C.Porto, mas
deixa-me dizer-te algumas coisas sobre o Dragão dos últimos trinta e poucos
anos.
Sempre fomos um grande clube, com muitos sócios, muitos
adeptos, muitos títulos e em várias modalidades. Mas se na principal
modalidade, o futebol, atingimos
uma dimensão interna e externa, para além do sonho, foi
porque os Homens sem sono, liderados por Jorge Nuno Pinto da Costa, tiveram
ambição, coragem sem
limites, ousaram, lutaram, derrubaram todos os obstáculos
até o F.C.Porto passar a ser o melhor clube português e um grande também na
Europa - nos tempos
da televisão a cores, das novas teconlogias e da
globalização. O lema foi: a sorte protege os audazes. A quem treina o F.C.Porto
não se pede menos do que
isso. Foi isso que fizeram, principalmente aqueles que para
além de ganharem - ganhar, muitos, quase todos, ganharam... -, deixaram uma
marca que perdurará,
estão lá mais em cima, estão na galeria dos notáveis. Esses,
meu caro Paulo, eram activos e não passivos; anticipavam acontecimentos e não
reagiam aos
acontecimentos; com esses nem sempre ganhavamos, mas
raramente saíamos do estádio com a sensação que não tínhamos feito tudo para
ganhar. Ontem, mesmo
que nestes jogos frente a equipas fortes, poderosas e de
campeonatos com outro ritmo e intensidade, a desilusão não seja tão grande,
como os maus resultados
nas competições internas, saí com a sensação que tu não
tentaste tudo para que o resultado fosse outro. Se naquela belíssima meia-hora
só tinhas de estar
quietinho, a equipa estava a fazer tudo o que devia, quando
as coisas se começaram a complicar, meu caro Paulo, aí foste passivo, não
agiste, não tiveste
capacidade para antecipar, não arriscaste nada. As tuas
substituições parecem retiradas do catálogo que é produzido antes do jogo.
Mesmo a entrada de alguém
que, deves achar, tem poderes sobrenaturais, é capaz de
resolver em dois ou três minutos, aquilo que a equipa não resolve em noventa,
como é o caso de
Ghilas. Depois do golo de Godin, o Atletico contente com o
empate e o F.C.Porto novamente por cima e a dominar; Jackson a dar imenso
trabalho à defesa
colchonera, a ganhar bolas; Fernando e Defour consistentes e
a tomarem conta do meio-campo, dando garantias para a equipa atacar; porque não
entrou o ponta-de-lança
argelino, com o objectivo de aproveitar os espaços criados
por Cha Cha Cha, as segundas bolas, eventuais ressaltos? Porque não meteste a
carne toda no
assador? Porque não ousaste? Porque não tentaste o momento
que distingue os muito bons, dos apenas bons ou suficientes? Até podes achar
que no final do
jogo, todos acertam, é como fazer o totobola à
segunda-feira, mas já não é a primeira vez que isto acontece e é pena que
continues a cometer os mesmos
erros. É uma carta pela positiva e que termino, dizendo o
seguinte:
Nada está perdido, dependemos apenas de nós, mas é a hora de
te libertares, mudares de paradigma. Já aqui disse que gosto de pessoas
determinadas e com
convicções, mas não gosto de teimosos que só páram quando
batem contra o muro.
Ah, meu caro Paulo, nem sempre as mesmas receitas resultam
em situações diferentes. Às vezes os paladares mudam e é preciso alterar os
condimentos, fazer
outros pratos.”
Retirada de:
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