Estou triste, ainda não consegui engolir a derrota de ontem,
ainda não consigo pensar naquele jogo sem sentir uma certa raiva. Às vezes o
futebol é tão injusto e ontem o foi com o FC Porto. Sim, é verdade que a equipa
talvez não tenha sido aquilo que costuma ser, não conseguiu ter bola como gosta
de ter. E porquê? Porque o Málaga impôs-se de forma a procurar anular a
desvantagem. Isto para mim é ponto assente. Claro que eu esperava que o FC
Porto fosse capaz de fazer frente a essa situação com as suas armas, não
conseguiu e um role de coisas más foi surgindo.
Mas pensando bem, o jogo da primeira mão deixou-me um certo
amargo. Lembro-me perfeitamente de, no final desse jogo, ter comentado com o
meu pai que, apesar da vantagem ser um ponto positivo a favor dos dragões, a
mesma tinha sido magra para a exibição que o FC Porto tinha feito. E mais
acrescentei que tinha medo que fosse um resultado demasiado perigoso,
justamente por ter a noção de que o Málaga ia correr atrás do prejuízo.
Não, não acho que Vítor Pereira tenha feito mal em apostar
em Defour, até porque não foi a primeira vez que o belga jogou naquela posição
e das outras vezes as coisas até correram bem. Não, também não vou desatar a
criticar o Varela, porque não percebo porque raio o rapaz leva sempre com todas
as críticas como se fosse só ele a jogar. Não, não vou fazer nenhuma crítica
direccionada numa qualquer direcção, porque julgo que as coisas correram mal
para todos.
Sim, é verdade que nós adeptos, fruto das incidências da
primeira mão, ou influências das estatísticas e história; acreditávamos que a
passagem a próxima fase seria uma certeza. Terá sido excesso de confiança? Hoje
penso que a resposta a esta pergunta será o tão utilizado, talvez. Mas afinal de
contas é errado ter certezas? Não, mas acontece que no futebol nada é certo, as
surpresas acontecem e, muitas vezes, aparecem quando menos se espera. Foi o que
aconteceu ontem.
Chegar o mais longe possível na Liga dos Campeões era um
sonho alimentado, mesmo que realisticamente saibamos que para vencer esta prova
é necessário uma boa doze de sorte, mas sonhar não custa e até dizem que
comanda a vida. Acontece que o sonho acabou e levamos um forte murro no
estômago.
Pelo menos eu levei um forte murro. Eu só sei que ontem
sofri a ver um jogo do meu FC Porto como à muito tempo não sofria. Repetia
vezes sem conta, como se isso fosse mudar alguma coisa, que tivessem calma; que
não deixassem que o coração entrasse em campo porque caso ele entrasse a razão
ficaria perturbada. Sou doida? Sim sou. Não gosto, não consigo e não suporto
ver o meu FC Porto perder e por isso sofro, por isso falo para a televisão na
esperança que, através de uma corrente de energia positiva, as minhas palavras
cheguem a eles e tenham o efeito desejado. Mas não chegaram, as minhas palavras
devem ter-se perdido algures no atlântico. E por isso dei por mim a meio da
segunda parte com as lágrimas nos olhos, completamente desesperada. E isto
antes dos espanhóis marcarem o segundo golo e, aí perceber que pouco havia a
fazer, mesmo que a esperança permanecesse. Não, não tenho vergonha nenhuma em
admitir cada uma das palavras que escrevi neste parágrafo. E porquê? Porque sou
totalmente, completamente fanática, ferrenha, doida, doente… sou tudo isto pelo
meu clube. E sou-o tanto nos bons como nos maus momentos.
Se me permitem, as minhas próximas palavras são dirigidas
aos jogadores do FC Porto. Como já disse, não vou desatar a culpar ninguém pela
derrota, até porque isso é algo tremendamente inútil, uma vez que atribuir
culpas a A, B, ou C não vai fazer diminuir a minha tristeza e mágoa; muito
menos alterar o que aconteceu, porque o que está feito, feito está e agora à
que olhar para a frente.
Eu não sei o que raio se passa com os jogadores do FC Porto,
não sei o que lhes vai na cabeça; não sei se alguns deles já pensam no mercado
de transferências – se pensam, então digo que ainda é muito cedo para isso ;
não sei se alguns começaram a julgar-se mais do que o clube – se é isso, então
estão errados, porque antes eles precisam do FC Porto, já ao contrário… o que
não faltam por aí são exemplos de jogadores que passaram pelo clube e o clube
sobreviveu sem eles quando os mesmos saíram; não sei se a época já pesa nas
pernas de outros. O que sei é que há algo que não está bem. Não, não penso que
é algo irremediável, pelo contrário, é algo que a equipa, unida, conseguirá
ultrapassar. E para tal é preciso que encarem o próximo jogo como uma final e
ponham em campo a garra necessária para o vencer.
Eu calculo que esta derrota também não seja fácil de digerir para a equipa, mas eu, e estou segura que todos os portistas, pedimos a
todos e a cada um deles, que coloquem em cada jogo que falta jogar para o
campeonato a raça e a força do dragão; que transformem a desilusão da derrota
de ontem em força, em crença e em objectividade sempre, sempre mas sempre com o
pensamento na revalidação do título. Por favor, façam o possível e o impossível
para conquistar este campeonato. Façam-no por vocês e por nós. Por favor… não
desistam de conquistar o tri; não desistam de algo que está ao alcance, por
favor. Não desistam de dar alegrias a estes adeptos exigentes que amam o FC
Porto, por favor.
E como o texto já vai longo – É que quando estou com as
emoções à flor da pele, parece que escrever alivia um pouco - vou ficar por
aqui …
3 comentários:
Ana, minha cara, isso é falta de hábito. És uma privilegiada, nascente em tempos de vacas gordas, futebolisticamente falando, note-se.
Espero que amanhã, lá por volta das 20, o teu estado d e espírito já seja outra.
Bjs
pois é, Caro Vila Pouca, estou mal habituada, o FC Porto ensinou-me a gostar de vencer e eu aprendi muito bem ... mas sei que nem sempre foi assim e que antigamente vencer não passava, muitas vezes, de um sonho bonito, mas distante.
Cumprimentos
Ana Andrade
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