Qual o portista que não sentiu uma tremenda explosão de
alegria no momento do remate certeiro de Kelvin? Qual o portista que não sentiu
uma tremenda emoção? Qual o portista que não sentiu um enorme grito de revolta
a soltar-se, aquele grito que andava preso na garganta à espera de um momento
para se soltar? Qual o portista que não pensou, talvez uns segundos antes do
golo do jovem brasileiro que seria tão bom um golo do FC Porto ao cair do pano?
Pois é, isto e muito mais passou pela cabeça de nós portistas. O golo de Kelvin
transformou o Dragão e o coração dos portistas num verdadeiro vulcão em erupção. O golo do
miúdo fez com que houvesse uma reviravolta no topo da classificação e faz com
que o FC Porto dependa de si para ser campeão. Mas tal como escrevi no post
relativo ao jogo: «há que ter calma, muita calma, há mais uma final em vista e
sem a ganhar não há título azul e branco. A realidade é esta, por muito que
esta vitória tenha sido saborosa, porque o foi sem qualquer dúvida.» É verdade,
a vitória foi saborosa, principalmente por tudo o que ela significou neste
momento e por isso percebo os festejos, mas não podemos de forma nenhuma
menosprezar o Paços de Ferreira que é tão só o terceiro classificado da Liga.
Por isso à que ter calma e travar a euforia. Ah, e entretanto é guardar as
incidências do clássico da passada jornada na memória, naquele cantinho
especial que todos temos reservado para os grandes e inesquecíveis momentos do
FC Porto, porque aquele golo do Kelvin cabe lá com toda a certeza.
De lamentar as agressões sofridas por dois repórteres da
Antena 1. Acho sempre que a violência não leva a lado algum.
E, por fim, vou partilhar dois textos que encontrei no blog
FC Porto notícias, textos esses publicados no OJOGO.
“O medo combate-se com futebol de rua
Se tiver aprendido a lição ministrada ao Benfica na
segunda-feira, o FC Porto está a um passo de se sagrar tricampeão nacional. É
certo que precisa de vencer no difícil terreno do Paços de Ferreira, também em
tempo de festejar a sensacional estreia na Liga dos Campeões, mas o mais
complicado já os portistas fizeram. O FC Porto celebrou a vitória do jogo da
bola na sua essência: um momento genial de futebol de rua, pura intuição a
misturar habilidade com liberdade.
Kelvin não pensou sequer que poderia pôr em causa a última
oportunidade de o FC Porto assumir a liderança do campeonato. Chutou e assinou
um momento de rara beleza já em tempo de compensação, como teria feito no
primeiro minuto, no vigésimo quinto ou noutro qualquer. Desequilibrou os
números e justificou o desequilíbrio do futebol em campo.
O clássico resultou num grande jogo com dois minutos-chave:
o 66 e o 79. O calculismo excessivo de Jorge Jesus acabaria punido e o apelo à
irreverência de Vítor Pereira premiado. Por muito que o justifique com os
amarelos de Matic e Enzo Pérez, quando trocou Gaitán, o elo de ligação entre
meio-campo e ataque, por Roderick, entregando-lhe um papel de segundo
trinco/terceiro central, o treinador do Benfica passou à própria equipa uma
imagem de medo, de conformismo excessivo. Do lado contrário, a aposta em Kelvin
foi de risco calculado. Como estava , o resultado não servia aos portistas,
mantê-lo ou piorar as coisas passava a ser questão de pormenor. Os jogadores diferentes
são aqueles que estão sempre mais perto de grandes cometimentos ou grandes
asneiras, às vezes porque agem primeiro e pensam depois. Nesse intervalo podem
decidir mais do que jogos: competições. Kelvin tinha instruções para ir para
cima do adversário. Resultara com o Braga, falhara rotundamente na final da
Taça da Liga, ontem voltou a funcionar, porque nada o perturbou em nenhum
desses jogos. Entrou e jogou. Correu bem ou correu mal. Kelvin é um jogador
diferente, poderá vir a ser fantástico se o conseguirem amarrar e ensinar uma
série de coisas que ele precisa de aprender, mas haverá que ter a habilidade de
lhe aumentar as valências sem destruir as mais-valias atuais.
Será que Madjer teria feito um golo de calcanhar numa final
da Taça dos Campeões Europeus (1987) se tivesse pensado que podia falhar? A
resposta é um "não" claríssimo. Na altura, o génio que o iluminava
permitiu-lhe pensar apenas: só pode ser assim. Ontem, Kelvin tocou a bola para
chutar e chutou. Na rua é assim.
Carlos Machado in "ojogo.pt"”
“Histórico
O duelo entre o FC Porto e o Benfica pelo título vai mesmo
durar até ao último minuto do campeonato... incluindo prolongamentos
05/porto-benfica1 É praticamente impossível resistir ao simbolismo do golo
marcado por Kelvin, um minuto para lá dos 90 regulamentares do clássico de
ontem, como que a sublinhar que este campeonato, este título, este fabuloso,
vibrante e dramático duelo entre o FC Porto e o Benfica só acaba mesmo no fim.
Aliás, era sensato que, depois da compreensível explosão de alegria de ontem,
os adeptos portistas retirassem do jogo, de tudo o que aconteceu nas últimas
semanas e até das avisadas palavras de Vítor Pereira, a certeza de que o
campeonato não acabou com o último apito de Pedro Proença no Dragão. Há mais
uma hora e meia de futebol para disputar e, na Mata Real, um Paços de Ferreira
descomprimido, com o terceiro lugar e os milhões da Champions no bolso, é um
adversário que merece, no mínimo, todo o respeito. Dito isto, também é
praticamente impossível não apontar o dedo ao cinismo com que Jesus abordou o
jogo do título. O Benfica foi ao Dragão defender os dois pontos de vantagem com
que chegou lá e apenas conseguiu provar, mais uma vez, que esse é um papel no
qual não se sente confortável. Pelo caminho hipotecou o jogo, com ele o
campeonato e também uma parte considerável do fôlego que quis poupar para a
final da Liga Europa. E o pior é que, desta vez, só se pode queixar de si
próprio.
Jorge Maia in "ojogo.pt"”
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