segunda-feira, 21 de maio de 2018

Carta Aberta a Sérgio Conceição


Caro Mister Sérgio Conceição,
Antes de mais, muito obrigada por ter feito o FC Porto campeão! Obrigada por, com essa conquista, possibilitar-nos festejar um título que há muito esperávamos e desejávamos!
Quando, no ano passado, começou a falar-se do seu nome para treinador do meu, nosso, FC Porto, confesso que fiquei com algumas dúvidas. Na altura, recordo-me de comentar com familiares portistas que não sabia se você seria a melhor opção. Veio depois a confirmação e a sua apresentação como treinador do FC Porto. Apesar de ainda não estar convencida, gostei do seu discurso na apresentação e, lembro-me perfeitamente, de desejar fortemente que em maio pudéssemos estar todos a festejar o tão desejado título que nos fugia há quatro anos.
A época começou e, confesso, aos poucos a minha opinião foi mudando. De repente dei por mim a acreditar que seria possível lutar pelo título, mesmo contra tudo e todos. O espírito à porto que você conseguiu incutir na equipa, tão visível nas rodas no final dos jogos - aquele momento imagem de marca deste seu FC Porto – conseguiu agregar a massa adepta, transformá-la num imenso mar azul que foi uma presença constante em casa e que acompanhou a equipa fora de portas. E eu também fui levada nessa maré. De facto esta época sentiu-se uma forte união entre todos e isso, para além de ser fantástico, bonito e incrível, esta época fomos todos Porto; é, claramente, mérito seu.
Por causa das condicionantes financeiras impostas pela UEFA, você viu-se obrigado a resgatar jogadores que tinham sido emprestados e que muitos de nós gostaríamos, seguramente, de os ver bem longe do Dragão, porque a ideia que tínhamos de alguns não era muito boa – estou a referir-me, por exemplo, ao Marega ou ao Aboubakar. Mas não, você conseguiu motivá-los, identificar os pontos mais fortes de cada um, potenciá-los e fez deles peças fundamentais deste xadrez azul e branco. Se em maio do ano passado alguém me dissesse que esta época o Marega iria ser importante para a equipa, que iria ser aplaudido por todos os adeptos, que o seu nome iria ser cantado a plenos pulmões nas bancadas do Dragão, que íamos quase rezar para que ele não se lesionasse quando o FC Porto mais precisava dele; garanto-lhe que não ia acreditar em tal coisa! Se me dissessem que Aboubakar iria voltar ao Dragão – depois de ter dito que nunca mais voltaria - e ser importante na frente de ataque; garanto-lhe que não ia acreditar em tal coisa! Se na mesma altura me dissessem que hoje estaríamos a clamar aos santinhos todos para que nenhum tubarão dessa Europa do futebol nos venha levar o Herrera, porque hoje sentimos que, de facto, ele é importante; garanto-lhe que não ia acreditar em tal coisa! Se no ano passado me dissessem que o Sérgio Oliveira haveria de ser importante na manobra da equipa; garanto-lhe que não acreditaria! Por isso, não é difícil atribuir-lhe o mérito. Hoje considero que qualquer um dos jogadores que referi anteriormente, mas não só, foram indispensáveis para a conquista do campeonato.
Mas sabe mister, nem sempre concordei com as suas opções. Ainda no último jogo da época não percebi porque retirou o Gonçalo do jogo para o substituir pelo Soares. Muitas vezes não percebi porque não jogava o Óliver, quando na minha cabeça parecia fazer todo o sentido que o médio espanhol jogasse. Sabe mister, algumas das suas opções, às vezes, pareciam-me teimosia, porque percebia-se perfeitamente que não ia dar certo, como aconteceu, por exemplo, em Paços de Ferreira ou no Restelo. Sabe qual foi o jogo que menos gostei da nossa equipa esta época? A 2ª mão das meias finais da Taça de Portugal. Sabe porquê? Porque nesse jogo em vez da equipa procurar reforçar a vantagem que trazia da 1ª mão, parecia querer proteger essa vantagem. Deu erro e lá se foi uma competição. E sabe mister, se eu pudesse, não teria tomado algumas das opções que você tomou nesse jogo. Mas que pretensão a minha, achar que as minhas opções seriam as melhores… não seriam, com certeza. Eu sei que falar no final é fácil, que faz parte os adeptos de bancada opinarem e acharem que teriam as opções certas. E eu não sou diferente, sou uma adepta de bancada que julga ter toda a teoria, aquém é fácil dizer o que faria se estivesse no seu lugar, porque de facto, na teoria tudo é fácil, permitido e resultaria na perfeição.
Sei que não foi fácil, nem sempre as coisas correram bem, mas o FC Porto é campeão! E isso podemos agradecer-lhe, porque você devolveu a alma a este Dragão; você pegou numa equipa composta por muitos jogadores que, apesar de quererem muito vencer, ainda não o tinham conseguido; capitalizou jogadores; e foi você que deu força ao imenso mar azul que formou uma simbiose perfeita com a equipa, que a empurrou, suportou e apoiou em todos os momentos, nos melhores e nos menos positivos. O mar azul que teve da equipa sempre a melhor resposta possível: procurar lutar dentro do campo por um título desejado.
Por isso, obrigada Mister!
Para o ano cá estarei para o apoiar, para o criticar construtivamente quando entender que o devo fazer (afinal de contas ser adepta de um clube também é isso), mas, sobretudo, para, tal como aconteceu esta época, sentir-me como parte importante e fundamental de um grande grupo que tem a missão de apoiar, empurrar e suportar uma equipa que queremos ver bicampeã!




Sem comentários: