Caro Mister Sérgio Conceição,
Antes de mais, muito obrigada por ter feito o FC Porto
campeão! Obrigada por, com essa conquista, possibilitar-nos festejar um título
que há muito esperávamos e desejávamos!
Quando, no ano passado, começou a falar-se do seu nome para
treinador do meu, nosso, FC Porto, confesso que fiquei com algumas dúvidas. Na
altura, recordo-me de comentar com familiares portistas que não sabia se você
seria a melhor opção. Veio depois a confirmação e a sua apresentação como
treinador do FC Porto. Apesar de ainda não estar convencida, gostei do seu
discurso na apresentação e, lembro-me perfeitamente, de desejar fortemente que
em maio pudéssemos estar todos a festejar o tão desejado título que nos fugia
há quatro anos.
A época começou e, confesso, aos poucos a minha opinião foi
mudando. De repente dei por mim a acreditar que seria possível lutar pelo
título, mesmo contra tudo e todos. O espírito à porto que você conseguiu
incutir na equipa, tão visível nas rodas no final dos jogos - aquele momento
imagem de marca deste seu FC Porto – conseguiu agregar a massa adepta,
transformá-la num imenso mar azul que foi uma presença constante em casa e que
acompanhou a equipa fora de portas. E eu também fui levada nessa maré. De facto
esta época sentiu-se uma forte união entre todos e isso, para além de ser
fantástico, bonito e incrível, esta época fomos todos Porto; é, claramente,
mérito seu.
Por causa das condicionantes financeiras impostas pela UEFA,
você viu-se obrigado a resgatar jogadores que tinham sido emprestados e que
muitos de nós gostaríamos, seguramente, de os ver bem longe do Dragão, porque a
ideia que tínhamos de alguns não era muito boa – estou a referir-me, por
exemplo, ao Marega ou ao Aboubakar. Mas não, você conseguiu motivá-los,
identificar os pontos mais fortes de cada um, potenciá-los e fez deles peças
fundamentais deste xadrez azul e branco. Se em maio do ano passado alguém me
dissesse que esta época o Marega iria ser importante para a equipa, que iria
ser aplaudido por todos os adeptos, que o seu nome iria ser cantado a plenos
pulmões nas bancadas do Dragão, que íamos quase rezar para que ele não se
lesionasse quando o FC Porto mais precisava dele; garanto-lhe que não ia
acreditar em tal coisa! Se me dissessem que Aboubakar iria voltar ao Dragão –
depois de ter dito que nunca mais voltaria - e ser importante na frente de
ataque; garanto-lhe que não ia acreditar em tal coisa! Se na mesma altura me
dissessem que hoje estaríamos a clamar aos santinhos todos para que nenhum
tubarão dessa Europa do futebol nos venha levar o Herrera, porque hoje sentimos
que, de facto, ele é importante; garanto-lhe que não ia acreditar em tal coisa!
Se no ano passado me dissessem que o Sérgio Oliveira haveria de ser importante
na manobra da equipa; garanto-lhe que não acreditaria! Por isso, não é difícil
atribuir-lhe o mérito. Hoje considero que qualquer um dos jogadores que referi
anteriormente, mas não só, foram indispensáveis para a conquista do campeonato.
Mas sabe mister, nem sempre concordei com as suas opções.
Ainda no último jogo da época não percebi porque retirou o Gonçalo do jogo para
o substituir pelo Soares. Muitas vezes não percebi porque não jogava o Óliver,
quando na minha cabeça parecia fazer todo o sentido que o médio espanhol
jogasse. Sabe mister, algumas das suas opções, às vezes, pareciam-me teimosia,
porque percebia-se perfeitamente que não ia dar certo, como aconteceu, por
exemplo, em Paços de Ferreira ou no Restelo. Sabe qual foi o jogo que menos
gostei da nossa equipa esta época? A 2ª mão das meias finais da Taça de
Portugal. Sabe porquê? Porque nesse jogo em vez da equipa procurar reforçar a
vantagem que trazia da 1ª mão, parecia querer proteger essa vantagem. Deu erro
e lá se foi uma competição. E sabe mister, se eu pudesse, não teria tomado
algumas das opções que você tomou nesse jogo. Mas que pretensão a minha, achar
que as minhas opções seriam as melhores… não seriam, com certeza. Eu sei que
falar no final é fácil, que faz parte os adeptos de bancada opinarem e acharem
que teriam as opções certas. E eu não sou diferente, sou uma adepta de bancada
que julga ter toda a teoria, aquém é fácil dizer o que faria se estivesse no
seu lugar, porque de facto, na teoria tudo é fácil, permitido e resultaria na
perfeição.
Sei que não foi fácil, nem sempre as coisas correram bem,
mas o FC Porto é campeão! E isso podemos agradecer-lhe, porque você devolveu a
alma a este Dragão; você pegou numa equipa composta por muitos jogadores que,
apesar de quererem muito vencer, ainda não o tinham conseguido; capitalizou
jogadores; e foi você que deu força ao imenso mar azul que formou uma simbiose
perfeita com a equipa, que a empurrou, suportou e apoiou em todos os momentos,
nos melhores e nos menos positivos. O mar azul que teve da equipa sempre a
melhor resposta possível: procurar lutar dentro do campo por um título
desejado.
Por isso, obrigada Mister!
Para o ano cá estarei para o apoiar, para o criticar
construtivamente quando entender que o devo fazer (afinal de contas ser adepta
de um clube também é isso), mas, sobretudo, para, tal como aconteceu esta
época, sentir-me como parte importante e fundamental de um grande grupo que tem
a missão de apoiar, empurrar e suportar uma equipa que queremos ver bicampeã!
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