Não há como fugir ao assunto do dia, o antijogo. Decidi
refletir sobre o tema e não, não o vou fazer porque o FC Porto perdeu ontem,
vou fazê-lo porque, de facto, esta é uma estratégia que, cada vez mais, está
presente nos jogos do principal campeonato em Portugal.
Será que o futebol português é cada vez menos atrativo? Na
minha opinião sim. E porquê? Simples, porque entre outras coisas - tantas que
dava para encher umas quantas linhas, que quem sabe ficam para outro post - as
equipas preocupam-se, cada vez menos, com a competição dentro das quatro linhas
e preferem antes utilizar estratégias tais como o antijogo para evitar que o
adversário tenha bola e com isso diminuir o tempo útil de jogo. Sim, eu sei que
cada qual joga com as armas que tem e que se não há possibilidade de ter bons
jogadores, há que procurar outra forma de ganhar jogos. Mas o que se ganha com
o antijogo constante, desde o início de um jogo? Para além de se inervar o
adversário, porque não consegue concluir as suas jogadas; para além de quebrar
o ritmo de jogo; para além de, eventualmente, conseguir pontos – o que também
pode não acontecer – apenas transforma-se o jogo em algo profundamente chato de
se ver.
Ontem este tema voltou à mesa da atualidade e não, não foi
só ontem, que o FC Porto perdeu, que se notou a deveras irritante presença do
antijogo. Quem não se lembra do jogo do Vitória de Setúbal no Dragão na época
passada? Aquele jogo que a cada minuto um jogador sadino estava no chão e que o
guarda-redes bateu o recorde de paragens para assistência. Quem não se lembra
do jogo, também no Dragão, frente ao Sporting de Braga, igualmente na época
passada? Pois, nesse jogo também foi demasiado visível o antijogo. Isto só para
relembrar alguns jogos. É, o Paços, de facto, não fez nada inédito.
Gosto, muito mais, de um jogo em que ambas as equipas jogam
olhos nos olhos, sem medo e à procura do resultado. Sim, num desses jogos
podemos ter mais calafrios, porque, seguramente, a nossa defesa terá muito mais
trabalho, mas seguramente será um jogo bem mais interessante. Que me perdoem
todas as equipas ditas pequenas, mas detesto a vossa forma pequena de encarar o
jogo; detesto quando trazem um autocarro e um atrelado para estacionar à frente
da baliza; e mais ainda quando, para além disso, decidem adotar a estratégia do
antijogo. Mas pior do que ter uma equipa pequena a utilizar a estratégia do
antijogo é ter um dito grande a fazê-lo.
E como acabar com este flagelo que, na minha opinião, torna
os jogos do nosso campeonato muito chatos? Das duas uma: ou os senhores
árbitros começam a dar cartões amarelos quando percebem que as paragens de jogo
estão a ser demasiadas e provocadas com o claro objetivo de quebrar o ritmo de
jogo; ou começam a contabilizar segundo a segundo de paragem e no final
compensam cada um deles, alertando que poderão acrescentar mais tempo caso nos
descontos tentem perder mais tempo. São só duas ideias que eu, se fosse árbitro
– graças a Deus e a todos os santinhos não sou – adotaria ou sugeria como
medida a tomar. Certamente este é um tema que deverá merecer reflexão de todos
os agentes do futebol, de modo a permitir adotar medidas que possam resolver
este problema.
Como amante do futebol, desejo, sinceramente, que as equipas
portuguesas decidam aderir a algo como
#NãoAoAntijogo
3 comentários:
Concordo plenamente com a análise,também me lembrei logo do jogo o ano passado com o Setúbal (com a diferença que nesse jogo o adversário não estava assim em posição tão delicada a precisar de pontos e parecia que o seu único propósito era evitar a vitória do FCP), em comum nestes jogos está o facto de o anti jogo ter ultrapassado todos os limites. Penso que isto reflecte o que penso: muitas equipas da 1ª divisão não têm condições para fazer parte de uma liga que se diz ser de top europeu, ter 18 equipas num país tão pequeno e com o nosso contexto económico, com a agravante de algumas destas equipas não se preocuparem em jogar futebol, apenas somarem pontos para se manterem na 1º liga com as suas vantagens financeiras e prejuízo para o nosso futebol. Penso que a solução seria um campeonato com no máximo 10/12 equipas com 4 voltas.
Contudo a esmagadora maioria dos portugueses (nao eu) festejaram o titulo europeu da nissa selecao...
Concordo, caro Sérgio Santos. Um campeonato com 10 ou 12 equipas podia ser interessante e mais competitivo. Mas será que vai ser esse o caminho a adotar por quem tem o poder de decidir?
Ana Andrade
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