Depois de analisar o trabalho do treinador, depois de olhar
para o plantel, é ora de resumir aquilo que foi a época portista e procurar
refletir.
Começando pela Liga dos Campeões. Por ter ficado em terceiro
lugar na época anterior, o FC Porto teve de disputar o playoff de acesso à fase
de grupos da Liga dos Campeões, onde coube-lhe em sorte defrontar a AS Roma.
Nessa altura muitos diziam que os Dragões não iriam chegar à fase de grupos da
prova rainha do futebol europeu – houve até quem tivesse a certeza que o FC
Porto ia perder em Roma e por muitos. Mas não foi isso que se passou. O FC
Porto defrontou e eliminou a AS Roma rumo à fase de grupos da Liga dos
Campeões. Uma vez nesta fase da prova, teve algumas dificuldades no grupo, é
certo, mas conseguiu passar aos oitavos de final onde defrontou a Juventus. E
aí não conseguiu vergar os Italianos, que recorde-se, são um dos finalistas da
Liga dos Campeões. Portanto, não é uma equipa qualquer.
Quanto à Taça de Portugal, não há muito para dizer. O FC
Porto caiu aos pés do Desportivo de Chaves, na 4ª eliminatória da prova, depois
de eliminar o Gafanha da Nazaré. Contudo, o jogo em Chaves, frente ao
Desportivo local, ficou marcado por erros graves de arbitragem que podiam, ou
não, ter feito a diferença em caso de não terem existido.
Não há muito para dizer acerca da prestação portista na Taça
da Liga, uma vez que foi, simplesmente, um desastre. Nos três jogos que
disputou na prova, empatou dois e perdeu um.
O campeonato foi uma espécie de carrocel, com momentos bons,
outros menos bons e alguns verdadeiramente complicados. Os Dragões começaram
bem, perderam, injustamente, em Alvalade e arrancaram para uma sequência de
jogos que alternaram entre o bom e o menos bom, com um tenebroso empate frente
ao Tondela pelo meio. Nesta fase parecia que a equipa procurava encaixar-se no
sistema de jogo. Depois veio aquela sequência de empates que deu cabo dos
nervos dos portistas. A bola, teimosamente, não entrava na baliza adversária,
mas felizmente, também não entrava na nossa. Nesses jogos o FC Porto pecou pela
ineficácia no ataque, pecado que custou caro à equipa de Nuno, porque bastava,
por exemplo, não ter empatado frente ao Benfica. Nesse clássico o FC Porto
esteve muito bem – terá sido, por certo, dos melhores jogos do campeonato – mas
apenas concretizou uma das muitas ocasiões de golo que teve. E para piorar,
permitiu o empate no último minuto do jogo – Herrera, juro que perdoei esse teu
triste deslise no dia que jogaste em esforço frente a Juventus, mas não vou
conseguir esquecer esse duro golpe. Até que chegou o jogo frente ao Sporting de
Braga no Dragão, aquele jogo em que os Dragões chutaram para canto a crise de
golos. Nesse jogo, que parecia que ia ter um desfecho igual ao dos últimos, Rui
Pedro, qual salvador, entrou em campo e, com nervos de aço e toda a
determinação, fez o golo que deu os três pontos ao FC Porto. Fim da crise,
entrada num ciclo de jogos que correu melhor – se retirarmos os jogos da Taça
da Liga da equação. E a 7 de Janeiro, após um empate em casa do Paços de
Ferreira – mais um daqueles jogos em que a bola, incompreensivelmente, teimou
em não entrar na baliza adversária – voltaram a retirar o FC Porto das contas
do título. Mas os Dragões reergueram-se, agarraram-se à esperança, ao apoio dos
adeptos e recuperaram terreno num ciclo de jogos que iniciou com a recessão ao
Moreirense e terminou na recessão ao Vitória de Setúbal. Pelo meio houve a
receção ao Sporting que Casillas, no último minuto, salvou os três pontos.
Voltando à receção ao Vitória de Setúbal. Nesse jogo o FC Porto tinha a
oportunidade de passar para a frente do campeonato e, assim, ir numa posição
mais confortável jogar à luz. Mas incompreensivelmente os Dragões empataram o
jogo, desperdiçando, outra vez, muitas ocasiões de golo. Será que a equipa não
soube lidar com essa pressão, que deveria ter sido positiva, e por isso não
conseguiu fazer o que tinha de fazer, vencer? Será que a equipa deslumbrou-se?
Ou será que de alguma forma teve medo de ser feliz? Seja porque razão for,
tenho para mim que como esse jogo não correu dentro do esperado e desejado,
terá funcionado como uma espécie de pedra na engrenagem e dessa forma,
quebrou-se parte da confiança e da motivação da equipa. O jogo seguinte foi na
Luz, onde o FC Porto empatou a 1 e, de facto, empatar na casa do rival direto
não é, não pode ser, um mau resultado. O problema foi que, da mesma forma que o
FC Porto não somou os três pontos frente ao Setúbal no Dragão, também os deixou
escapar frente ao Sporting de Braga, frente ao Feirense e frente ao Marítimo e
assim, não houve nada a fazer, a luta pelo título deixou de ser possível.
Já escrevi isto vezes sem conta, mas acredito que nunca é
demais. O FC Porto perdeu pontos, demasiados pontos, por culpa própria, porque
não conseguiu ser eficaz no ataque. Mas se revermos cada um dos jogos que o FC
Porto empatou, sobra a sensação de que os Dragões ficaram sempre mais perto de
vencer do que perder. Contudo, não podemos esquecer que em muitos jogos,
demasiados até, houve erros de arbitragem que prejudicaram o FC Porto. Basta
olhar para, por exemplo, o jogo com o Vitória de Setúbal em casa, em que houve três,
três grandes penalidades por assinalar; ou a recessão ao Feirense em que ficou,
pelo menos, uma grande penalidade por assinalar, num lance em que a falta era
demasiado evidente. É impossível não sobrar a dúvida: será que se estas grandes
penalidades tivessem sido assinaladas, a história seria diferente? Foram erros,
muitos erros que prejudicaram o FC Porto e isso, lamento, nunca vou conseguir
apagar da minha memória.
Em síntese: O primeiro objetivo para esta época era garantir
a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões e isso foi conseguido. Depois
passou a ser objetivo estar nos oitavos de final da prova rainha do futebol
europeu. E com mais ou menos dificuldades, esse objetivo foi concretizado. A
partir do momento em que no sorteio saiu a Juventus, o objetivo de passar à
fase seguinte da prova complicou-se, pedindo-se apenas que a equipa fizesse o
melhor possível. E o poderio italiano sobrepôs-se à vontade portista. Outro
grande objetivo para a época era resgatar o título de campeão nacional. E esse,
infelizmente, por diversos motivos – por culpa da ineficácia dos jogadores; por
falha na resolução dos problemas por parte do treinador; ou por causa dos erros
de arbitragem – o FC Porto não conseguiu concretizar. Mas analisando os números
deste campeonato e comparando com o que se passou na época passada, este foi
muito melhor. Só que não vencemos o campeonato e, de facto, tudo o resto não
nos serve de muito.
Como já referi no post em que procurei analisar a prestação
do treinador, Nuno foi capaz de, não só juntar o plantel, mas também juntar a
equipa aos adeptos numa simbiose perfeita;
tal como transformou o Dragão numa fortaleza, contrariamente ao que aconteceu
na época passada. Os adeptos perceberam que a equipa, apesar de jovem e de
cometer erros não virava a cara à luta e apoiaram-na, suportando-a e empurrando-a
nos momentos mais difíceis. A equipa ao somar 9 vitórias consecutivas fez com
que a esperança dos adeptos subisse aos píncaros da crença, mas a descida foi
abrupta quando não venceram os jogos no período mais determinante da época. É
por isso que este golpe é duro e difícil de digerir, muito mais do que o foi na
época passada.
Posto isto, para a próxima época, espero que a luta seja
feita com armas iguais para todos; espero que o FC Porto continue a impor esta
nova postura de comunicação – que muito me agrada e já tardava - mas que as
ideias que o clube defende sejam partilhadas e defendidas por todos na
estrutura sem exceção; que o treinador – seja ele quem for – dê um murro na
mesa sempre que sentir que a sua equipa está a ser prejudicada por erros
alheios; que nenhum jogador do FC Porto tenha medo de ser feliz; e espero que o
apoio dos adeptos continue a ser uma constante, tal como o foi esta época e que
tanto me delicia.
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