terça-feira, 19 de abril de 2016

Após A Reeleição, Entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal



O Presidente Pinto da Costa foi reeleito no passado Domingo e ontem deu uma entrevista ao Porto Canal onde abordou o próximo mandato. Segue-se um resumo da entrevista.

“PINTO DA COSTA MOSTROU “100 POR CENTO DE CONVICÇÃO” NUMA “MELHOR EQUIPA” EM 2016/17
Em entrevista ao Porto Canal, o presidente frisou que quer dar “estabilidade” ao plantel principal
Jorge Nuno Pinto da Costa foi entrevistado na noite desta segunda-feira no Porto Canal, por Júlio Magalhães, diretor geral da estação, e pelo comentador, músico e advogado Miguel Guedes. No dia seguinte à sua reeleição para mais um mandato à frente do FC Porto, o presidente reafirmou que está a preparar uma equipa de futebol com espírito vencedor para a próxima época, tendo ainda revelado que está “a tratar” de reforços, mas sem revoluções nem “limpezas de balneário”. José Peseiro é o treinador com quem a administração da SAD está a “preparar o futuro”, sem loucuras e com a perspetiva de novos contratos que tornem os orçamentos mais sustentáveis e os plantéis mais estáveis. Durante mais de uma hora e 40 minutos, não houve temas tabu, a começar pelos votos nulos nas recentes eleições.

Os resultados das eleições
“Já contava que se falasse aqui dos resultados. Hoje vi nas gordas de um jornal que fui eleito com cartão amarelo e ri-me. São 79 por cento – sabendo-se pelo secretário da Assembleia Geral que, dos 21 por cento nulos, muitos foram-no porque escreveram palavras de incentivo –, duplicando o número de eleitores, com os jornais quase a fazer apelo ao voto nulo, com referência a factos que não existiram, como contestação à porta de minha casa… Até fiquei admirado por não haver uma maior percentagem de votos nulos. Se com 79 por cento levei amarelo, o que pensará o nosso Presidente da República, eleito com 52 por cento? E que pensará o legitimamente e legalmente eleito primeiro ministro, que nem ganhou as eleições? Quem fez a campanha deve estar frustrado.”

A sucessão
“Parece-me quase um absurdo falar nisso num momento em que ainda nem tomei posse para um mandato de quatro anos. O FC Porto não é uma monarquia, tem muita gente capaz de, se assim o entender, poder ser presidente no futuro. Se agora fosse dar um sinal, toda a gente me ia cair em cima. Se apontasse alguém ficava tramado, passava a ser o alvo. Isso seria passar um atestado de menoridade aos sócios do FC Porto. Gostava que houvesse várias candidaturas para os sócios poderem escolher.”

Eleições sem oposição
“Se as pessoas pensam que podem ter melhores soluções devem procurá-las. Criticar por criticar é fácil, mas nas alturas em que é preciso assumir e apresentar um programa não aparece ninguém. É só ratos a fugir. Acredito que há pessoas com valor para serem presidentes dentro e fora do clube. As únicas pessoas que não gostava e que tenho certeza que não serão meus sucessores são os meus filhos.”

O despertar da equipa
“O FC Porto bateu no fundo, mas está um pouco melhor porque neste fim de semana ganhámos em todas as modalidades. Ontem a equipa mostrou o espírito que todos queremos e que pedi aos jogadores que assumissem. A exibição que fizeram, com cinco portugueses, alguns deles vindos das camadas jovens – e depois de ver o que esta a fazer a equipa B – foi um acordar. Não que os jogadores não tivessem vontade ou alma, mas às vezes é preciso acordá-las, sensibilizá-las e responsabilizá-las. Sofremos penáltis não assinalados com Tondela e Paços de Ferreira, mas mesmo nessas situações a equipa tem de continuar a acreditar e lutar. Foi isso que ontem fez, entendendo que era um ponto de viragem. Qualquer individuo que não tivesse visto o passado recente diria que era uma equipa à Porto.”

Limpeza de balneário?
“Isso é com a empresa que trata das limpezas no estádio, não tenho maus profissionais que o justifiquem. No dia em que falámos com o empresário do Aboubakar para lhe aumentar o contrato por mais um ano vi num jornal, na primeira página, que lhe ia ser comunicado que ia ser dispensado. Ele riu-se quando lhe contei. Isso já não afeta os jogadores. Mas o plantel para o ano não vai ser igual. É natural que saiam um, dois ou três jogadores e entrem outros tantos. Estamos a tratar disso.”

Equipa de futuro e presente
“O FC Porto não pode ter a obsessão do campeonato, como assumiu este ano o Sporting. Por isso ficou fora das provas europeias e das taças. Agora, o objetivo tem de ser ganhar o campeonato e vamos preparar uma equipa com futuro e presente. O clube tem um orçamento de 150 milhões e entregou 40 ao fisco, não teve perdões fiscais como outros, nem de dívidas e juros de mora, e não pode entrar em loucuras. Por isso sabemos que o objetivo não pode ser comprar cinco ou seis jogadores, mas sim acertar nos que contratarmos e dar estabilidade, mantendo-os o maior número de anos possível.”

João Moutinho, Bruno Alves ou Pepe como reforços?
“Com bons olhos via os três, mas temos de ser realistas. Qualquer um desses ganha mais do que cinco milhões limpos por ano. Gostava que regressassem, tenho esperanças, mas por esse valor será incomportável. Há outros jogadores que têm de ser aproveitadas, como Josué, Quintero e Hernâni, que foi dispensado quando estava dar excelentes indicações. Um jogador não pode vir para aqui a saber que daqui a um ano já não estará cá.”

O futuro de José Peseiro
“Um treinador dependente de uma Taça não existe, caso contrário o treinador do Sporting seria o Marco Silva. Agora tem tido oportunidade de treinar e estamos a trabalhar com o treinador que escolhemos e com quem estamos a preparar o futuro, discutir as decisões e que queremos seja o nosso treinador para o ano.”

Jorge Jesus e o FC Porto
“Confundem a possibilidade de trabalhar ou não no FC Porto com a amizade e estima que temos um pelo outro. Tenho há muitos anos uma boa relação com Jorge Jesus. Conheço-o desde os tempos do Amora. Mostrou sempre desejo de vir para Norte, veio e fez um percurso cá. Esteve no Benfica vários anos e nenhuma vez o ouviu dizer mal de mim, e bem tentaram que dissesse. Não está no nosso horizonte nem do dele vir para o FC Porto.”

Novas receitas
“Somos dos melhores clientes do Estado e os bancos, por norma de quem manda neste país, não podem emprestar dinheiro aos clubes. Temos de estudar soluções para nos financiarmos e uma deles é o contrato com a MEO/Altice, com o qual, em vez de 18 milhões por ano, passamos a receber 41, mais a publicidade nas camisolas. Temos de fazer contratos comerciais que ajudem, como com a Unicer, para estabilizar a equipa. Só assim o FC Porto pode voltar a ter sucesso.”

Mudanças na administração da SAD
“A entrada do Antero Henrique aconteceu para dar mais coesão à administração, para sentir mais cobertura e apoio de toda a administração. Se propuser algo que entendermos que não está bem, não se faz. Dá-lhe até mais coesão perante o grupo que ele dirige, no futebol, visto que ele e o Reinaldo Teles é que Têm os contatos. Também entrou o José Américo Amorim, que, apesar de não executivo é um empresário de grande prestígio, com uma paixão pelo FC Porto igual à nossa, com uma experiência de vida e sensatez que nos ajuda a todos a pensar e decidir com mais ponderação em determinadas situações.”

A política de comunicação
“Falo o menos possível. Cada responsável de um dos seis setores da direção do clube pode falar sempre que entender sobre o seu pelouro. Agora nenhum vai andar a pedir e oferecer-se para falar. Já convidaram algum que se tenha negado? Comunicar no meio de mentiras diárias é complicado, mas há questões e momentos em que temos de ser muito agressivos, sem entrar no ridículo e com elevação. As coisas que merecem devem ter resposta com agressividade e fatos reais e concretos. Não posso permitir que ponham as nossas contas em questão quando quem as põe em causa deve milhões ao fisco. Com o diretor d’O Jogo, por exemplo, tenho um bom relacionamento, com diálogo, não com troca de favores. Sempre dei entrevistas a jornais e televisões, nunca falei sem ser em direto e não quero saber se me perguntam isto ou aquilo. Falámos antes sobre esta entrevista? Nada.”

Angelino Ferreira e as eleições na SAD
“O Dr. Angelino Ferreira [ex-administrador da SAD] só diz barbaridades. Compreendo que ande muito ocupado e perturbado com a Gaianima e sei que não tem tempo para vir às assembleias gerais do FC Porto. Diz que os sócios já não mandam no clube, porque o clube é que elege a SAD, o que é um raciocínio obtuso. Depois diz uma coisa pior: que está em desacordo com a estratégia, porque se fizeram eleições na SAD antes do clube. Se tivesse ido à Assembleia Geral do clube já não dizia asneira dessas. Expliquei que havia necessidade de fazer vários contratos comerciais com urgência e os nossos parceiros não iriam assiná-los com uma administração que durasse um mês. Dentro dos estatutos fez-se as eleições, mas antes a SAD reuniu e tomámos o compromisso de que, se aparecesse uma lista candidata ao FC Porto, renunciávamos imediatamente aos lugares na SAD, sem nenhuma benesse, para que quem ganhasse pusesse lá quem entendesse.”

Os “lugares na Liga” do Benfica
”Acho que Luís Filipe Vieira venceu essa batalha, mas não venceu a guerra. Quando falo na Liga não falo na atual Liga, mas na Liga de Mário Figueiredo. Já tinha a noção que a estratégia deles era essa antes de contratamos o Jankauskas, mas depois disso veio o reconhecimento publico do que pretendiam. Só por isso ainda se mantém o Vítor Pereira e o Ferreira Nunes na arbitragem e casos como a descida de um árbitro internacional, que fez a final da Taça mas depois desce de escalão por ser o último classificado. Não sei quem vai para lá, mas tem sido tudo de tal forma descarado que nem o Dr. Fernando Gomes vai ter coragem de os indicar para continuar.”

As parcerias com Jorge Mendes
“O FC Porto teve grandes parceiras com Jorge Mendes, que tinham a vantagem de que ninguém questionava se as comissões eram altas ou baixas, se é parceiro ou não, se tem ou não fundos. Nós não trocámos de parceiro, fizemos muitos negócios benéficos para ambas as partes e ele ganhou dezenas de milhões de euros connosco. Não choro o dinheiro que ele ganhou, pena que não tivesse ganho o dobro, seria sinal do dobro dos negócios. A partir de determinado momento, o Jorge Mendes achou que havia outros sitos onde podia fazer melhores negócios, com o Valência ou Benfica. Não levo a mal, não tinha exclusividade comigo, e se me pergunta se gostava de continuar a tê-lo como parceiro, digo que gostava. Sou amigo dele, mas tendo negócios com o Benfica, por mais profissional que seja, não tem a minha confiança ilimitada.”

As negociações com a NOS
“Não tive nenhum problema com Joaquim Oliveira, apenas tenho de defender e fazer os melhores contratos para o FC Porto. O Joaquim Oliveira ofereceu-me, num pequeno almoço com o Dr. Miguel Almeida, 320 milhões de euros, depois do Benfica ter assinado por 400 milhões. Recusei e a partir daí fiquei aberto a ouvir outras propostas. Só depois de acordarmos com a MEO chegou a notícia de que cobririam fosse o que fosse. Senti-me enganado por ter recebido 18 milhões durante anos. A NOS quis ganhar o jogo quando o jogo já tinha terminado.”

Rescisão de Lopetegui
“Ele entende português quando lhe convém. Para rescindirmos falta ele querer dialogar e falar. Até agora não houve tentativa nenhuma de chegar a acordo. Fui defensor dele até ao limite. Quando perdemos em Alvalade e não deixaram a equipa sair não podia ceder, mas saiu depois do Rio Ave por três razões. Primeiro, teve um apoio exemplar, antes, durante e depois do jogo. Em segundo lugar, de manhã, sem lhe perguntar nada, disse-me que ia trocar alguns jogadores e mais tarde, quando vi a equipa, não era nada do que tinha dito, era a mesma que tinha criticado de manhã. Deram-me depois a informação de que tinha estado a falar com o adjunto e que ele o pressionou. A terceira e fundamental é que, quando termina o jogo que empatámos com o Rio Ave, entrei no balneário do treinador, e, sem eu abrir uma boca, disse-me que não ia ser um problema e que resolveríamos tudo em dois segundos. Ficamos de falar no dia seguinte e ele voltou a dizer isso ao Antero. Considerei isso um atirar da toalha ao chão. Quem já não tem força anímica e não acredita, o melhor que tem a fazer é ir embora.”

Garantias de futuro
“No momento em que disse que batemos no fundo, começámos a sair do fundo. Só os vendedores de banha da cobra podem dar garantias de ganhar. Vamos ter uma equipa com o espírito de ontem, com tudo a remar para o mesmo lado, e uma direção mais agressiva no bom sentido, disso não tenham a mínima dúvida. Sem hipotecar o futuro, teremos de fazer investimentos e esperamos fechar outros contratos em breve, para ter mais desafogo dentro do rigor e realidade do futebol português. A minha convicção de que vamos ter uma melhor equipa é de 100 por cento.””

Em

Vídeo aqui:


O único comentário que vou tecer a esta entrevista é: o futuro é em frente…


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