quarta-feira, 27 de abril de 2016

Excerto da Entrevista de Ismael Díaz à Revista Dragões



Ismael Díaz, atleta do FC Porto B, deu uma entrevista à Revista Dragões, publicada na edição de Outubro de 2015. O site oficial do clube disponibilizou o excerto que se segue.

““ESTOU A VIVER O SONHO”
Autor do segundo golo contra o Sporting de Braga B começou a jogar nas ruas do Panamá inspirado pelo “Fenómeno”
Talento mais promissor de uma nova geração de jogadores panamianos, Ismael Díaz aterrou no Porto em julho [de2015] com a mala cheia de sonhos. O extremo, que evolui às ordens de Luís Castro no FC Porto B, ainda com idade de júnior (18 anos), tem um discurso virado para a equipa e, acima de tudo, adulto, de quem sabe o que quer. Em entrevista à “Dragões”, na qual passou em revista o seu percurso e o verdadeiro “sonho” que está a viver, com a equipa principal ali tão perto, “Isma” assume que ainda está a adaptar-se e garante a intenção de deixar a sua marca no clube que lhe interrompeu um jogo na PlayStation.
Para os adeptos que ainda não o conhecem, como se define enquanto jogador?
Sou um jogador que se preocupa muito com os seus companheiros, que estejam bem dentro e fora de campo, que o grupo esteja unido e que sejamos como uma família. Sou um jogador que gosta de entrar em campo e fazer golo e apoiar a sua equipa em todos os momentos para sermos mais fortes.
Sempre foi avançado?
Em pequeno jogava como extremo. Nos escalões mais jovens do Tauro FC joguei a avançado e ultimamente, com a seleção, joguei a “médio-ponta”, por trás do avançado, perto dos terrenos do “10”. Com o mister Luís Castro estou a jogar de novo a extremo. Não é fácil, já não jogava nesta posição há muito tempo, mas pouco a pouco estou a adaptar-me à mudança e é isso que se quer.
A “Dragões” ouviu dizer que teve uma estreia auspiciosa como sénior pelo Tauro FC, a 2 de Setembro de 2012, contra o Alianza…
Tinha 15 anos e a verdade é que nessa altura não acreditava na hipótese de me estrear tão cedo, achava que era demasiado novo para jogar futebol profissional. Lembro-me que um dia estava a jogar com a equipa B e o treinador da equipa chamou-me e perguntou-me se gostava de jogar na primeira divisão. Fiquei muito surpreendido com a pergunta, não acreditava mas aceitei… E foi verdade. Estava muito ansioso e nervoso mas consegui entrar bem. Entrei ao minuto 70, com o jogo empatado a zero, e após oito minutos cabeceei uma bola que bateu no poste e entrou. Fui festejar à linha lateral, festejei com o meu pai. Nem queria acreditar que aquilo tinha acabado de acontecer!
O futebol no Panamá não é muito conhecido na Europa. Como o caracteriza?
É um futebol que está a crescer e a melhorar a cada dia. Não é um futebol muito conhecido na Europa, realmente, tem apenas “nome” na América, onde já alcançou um nível mais elevado. É um futebol rápido e de pressão, em que há excelentes jogadores e de muita qualidade, mas que não têm grandes oportunidades de jogar na Europa. Eu tive essa sorte e quero aproveitá-la. O jogo praticado cá é mais ofensivo, rápido, com mais precisão, mais forte e pouco a pouco vou-me adaptando ao ritmo de Portugal. Espero conseguir dar o melhor de mim e poder abrir portas a mais panamianos.
Já teve duas experiências em Mundiais. O primeiro foienquanto Sub-17, em 2013, ainda com 15 anos…
Sim, nos Emirados Árabes Unidos fui com os Sub-17, que correu muito bem, e com os Sub-20 agora neste ano [2015], na Nova Zelândia. Não correu como queria, mas tratei de fazer o melhor. Deus sabe porque as coisas se passam e tratei de continuar a melhorar todos os dias.
Em entrevista à FIFA, antes do Mundial de 2015, disse que fora do campo a vida também era futebol e que se dedicava também a treinar sozinho. Porquê?
Uma das coisas que eu tenho sempre presente na minha mente é melhorar a cada dia que passa. Quero ser melhor, quero ser o número um e, para isso, não basta trabalhar no campo. Quando estou em casa procuro trabalhar para melhorar, dentro das possibilidades que tenho, e o resto do tempo passo-o com a minha família.
Afirmou também que precisa de “trabalhar para que a idade não importe”. Isto tornou-se especialmente verdade aqui no FC Porto B?
Quase em toda a minha vida joguei com jogadores mais velhos do que eu. Sempre fui o mais novo da equipa e tentei compensar essa diferença com trabalho, para poder melhorar. No Panamá o ritmo de jogo é realmente diferente do que aquele que é jogado cá. Cá são jogadores muito mais profissionais e com um ritmo mais completo e rápido. Esta é a minha primeira experiência fora… Jogar noutro país, numa liga como é a segunda divisão de Portugal… É claro que estou impressionado, mas sei que tenho muito que trabalhar e é isso que eu tenho feito.
“NO PANAMÁ O FC PORTO É VISTO COMO UM DOS MAIORES CLUBES DA EUROPA”
Como foi o seu primeiro jogo como sénior no FC Porto B?
Como se tratou da minha primeira experiência num jogo em Portugal, senti-me um pouco ansioso e nervoso, porque não sabia bem o que se ia passar. Tentei gerir tudo isso e procurei estar mentalizado e concentrado para que corresse tudo bem. Sinto que foi um jogo muito regular e que pouco a pouco vou melhorar.
O que conhecia do FC Porto e qual foi a sua primeira impressão do clube?
No Panamá o FC Porto é um clube muito grande. É visto como um dos maiores clubes da Europa e, quando surgiu a oportunidade de eu vir para cá jogar, não acreditei… Pensava que era uma brincadeira. Mas quando me apercebi que era verdade, fiquei muito impressionado.
Pode descrever-nos a sensação do primeiro telefonema em que soube da intenção do FC Porto de o contratar?
Lembro-me que nesse momento estava a jogar PlayStation com o meu irmão. Só me lembro de imaginar e perguntar a mim próprio: “Como te sentirias por estar numa equipa assim? Como te sentirias a treinar com uma equipa destas?”. Passado uns meses, estou aqui, treinei com a equipa A, estou na equipa B… Estou a viver o sonho. Quero continuar a crescer e a conquistar mais metas.
Como reagiram os que estão mais próximos de si?
De facto, muita gente ficou surpreendida, porque o FC Porto é muito grande. A minha família deu-me os parabéns, ficou toda a gente muito contente. Foi um momento ótimo para mim.
“DEUS É A PRINCIPAL RAZÃO PARA EU ESTAR AQUI”
O que espera desta aventura? Que objetivos tem?
O meu primeiro objetivo está cumprido: chegar aqui. Estou a viver um sonho. Agora quero seguir com os próximos objetivos: crescer, aprender mais com a equipa B e ter a oportunidade de chegar à equipa A. Com trabalho tudo se consegue… Quero crescer como pessoa e como futebolista.
O que pode prometer aos adeptos?
Vou dar o melhor de mim. Vou trabalhar duro para continuar a crescer e ser o melhor. Quero contribuir para ajudar o FC Porto a crescer ainda mais e quero ser recordado no FC Porto.
Tem receio de comparações com atuais ou antigosjogadores do FC Porto?
Admiro muito os jogadores do FC Porto, via muitas vezes jogos do clube no Panamá, mas vejo sempre o que cada um faz bem e quero tratar de ser melhor. Quero ser melhor do que eles, quero melhorar e, se é com trabalho que tenho que o fazer, vou trabalhar para isso a cada dia. Vou trabalhar mentalmente para ser melhor do que todos os outros.
Sente estar a um passo de realizar o seu sonho, com a equipa principal a treinar mesmo ali ao lado?
Sim, é um sonho, porque via os jogadores na televisão e na PlayStation e agora estou perto deles. Treinei com o Casillas, com o Maicon, o Brahimi, o Evandro, o Helton... São jogadores que admiro muito. Nunca pensei que isto fosse possível, mas a verdade é que com trabalho e fé tudo se consegue. Para mim, é um verdadeiro sonho estar aqui.
Na sua conta de Instagram, quando assinoupelo FC Porto, e mesmo durante esta entrevista, falou de Deus. É omnipresentena sua vida?
Para mim é o mais importante e a principal razão para eu estar aqui. Antigamente havia muitas pessoas interessadas em mim… Depois do Mundial de Sub-20 não tive mais propostas, senti-me triste, porque queria seguir com o meu sonho de jogar na Europa, mas nunca perdi a fé em Deus e sempre acreditei que algo ia acontecer. E aconteceu o FC Porto… É impressionante. A fé é fundamental para mim.
Com quem se dá melhor no plantel?
Com o capitão Francisco Ramos, com o André Silva, que é um excelente jogador, o Omar Govea, o Leonardo Ruiz... É mais fácil entender-me com quem fala espanhol, mas relaciono-me na mesma com quem fala português. Não é uma língua muito difícil e é parecida com o espanhol. Percebo muitas palavras e comunico bastante com eles.
Fã do “Fenómeno”
Nasceu num pequeno bairro da Cidade do Panamá, chamado Don Bosco, mas a alcunha “Isma” é muito recente, da autoria do treinador Luís Castro, que lhe chamou assim durante um treino. O seu ídolo de pequeno era Ronaldo, o Fenómeno, e foi inspirado nos movimentos dele, “na precisão que tinham os seus golos”, que começou a jogar futebol na rua. A escola Los Bravos de Tocumen foi a primeira casa do seu futebol perfumado, passando depois para o Tauro FC, em que se estreou como profissional. Com uma existência baseada no Panamá, define como “estranho” o período de adaptação que está a viver e admite que tem “saudades” da sua família e dos amigos, mas reafirma que tem “metas muito bem definidas” e que vai “trabalhar paraalcançá-las”.
Fascinado
A cidade do Porto, diz, “fascina”, pois “é muito tranquila e tem muitos lugares bonitos”, onde gosta de passear com a namorada, que o acompanha nesta aventura. Admite que gosta da gastronomia e da comida de Portugal, elegendo bacalhau, lombo e francesinha como os pratos que mais lhe agradaram.
Quer a camisola 10
Está a usar o 47 na camisola, mas confessa ter uma ambição diferente: “Desde pequeno, não sei porquê, gostava de usar o número 10. Usei-o no Mundial de Sub-17 e sinto que sou um jogador que pode fazer muitas coisas com esse número. Mas vou usar o 47, não tenho qualquer problema com isso”.”

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