Ontem Casillas foi o convidado de Júlio Magalhães, naquela
que foi a sua primeira grande entrevista a um órgão de comunicação português.
Gostei da entrevista. Casillas tem um bom discurso,
ponderado, assertivo, inteligente e direto. Que fique por cá muito tempo, a
equipa jovem que o FC Porto tem, ganharia muito com isso.
Mas melhor do que comentar as palavras do guarda-redes
espanhol do FC Porto, é deixar aqui o link para quem não teve oportunidade de a
ver, fazê-lo agora. Vale a pena.
Para além de disponibilizar o link, retirei do blog Dragão
até a morte algumas frases da entrevista, fornecidas pelo Jornal OJOGO.
“Melhor exibição: "O que eu quero é que em cada partida
eu esteja ligado à conquista de um título. Sinceramente, prefiro sofrer mais
frangos e ganhar a Liga, do que realizar boas exibições e não conquistar
nada... Mas o Benfica-FC Porto deu-me mais a conhecer».
Ambiente no balneário: "É um balneário engraçado,
jovem, saudável, com um ambiente familiar. Isso é bom, tanto para nós como para
o mister. Apesar das coisas não saírem bem em algumas partidas, todos nós nos
esforçamos para que elas corram".
Equipa jovem: "Penso que sou muito experiente e que o
tempo passa. Mas também sinto privilégio e orgulho de tentar dar conselhos,
ajudar a gente mais jovem, há um bom género de jogadores, que deram um passo em
frente e isso é importante, sobretudo para o FC Porto".
Respeito pelo "veterano": "A princípio
veem-te com muito respeito, mas também sou uma pessoa que tento romper o elo de
imediato e criar confiança. Sinto-me bem com todos e também acho que fiz para
que me vejam como apenas um mais e não como um jogador que veio do Real Madrid,
da seleção espanhola e que ganhou tudo, muitos títulos. Vim, quero desfrutar da
cidade, mas também quero conseguir títulos. Não gosto quando perco uma partida,
quando perco pontos ou quando as coisas não saem bem. O primeiro a sentir isso
sou eu".
Título: "Queremos competir e lutar pelo título. Não
pode suceder o que aconteceu o ano passado, em que faltavam quatro jornadas e
já estávamos arredados da luta. Tivemos um mês sem ter essa meta, pois só
depois competíamos a pensar na Taça de Portugal. Sabemos que não ser fácil, mas
para chegar a esse momento teremos de competir desde hoje... O mais importante
é competir no dia a dia".
FC Porto equipa mais forte? "É a equipa que mais
evoluiu. Apesar de mudar, cresceu mais do que os rivais. As outras equipas
mantiveram os seus blocos, nós tivemos de fazer entrar jogadores e mostrar-lhes
o que é a equipa, o clube e a cidade. Isso não é fácil. Nesse sentido, acho que
o FC Porto é o que se adiantou mais".
Concorrência: "O Sporting tem uma equipa consolidada.
Eu conhecia pouco mas as pessoas dizem-me que o Jorge Jesus coloca as suas
equipas muito duras, compactas. E nota-se na forma de jogar. Benfica tem sido o
campeão, ganhou três Ligas seguidas e nós não temos esse ADN de campeões, mas
precisamos de voltar a sentirmo-nos importantes e sermos campeões. E que os
rivais nos respeitem, mas temos a missão de ganhar. Isso é o que temos de tentar
conseguir. Vamos a meio, creio que nos faltou em algumas partidas que empatamos
a zero esse espírito ganhador. Estamos no bom caminho, estamos em dezembro,
estamos bem, por falta de sorte estamos fora da Taça de Portugal, mas estamos
na luta e é assim que temos de estar em fevereiro e março. Lutar pela Liga, que
é o que nos dá de comer, o que gostamos no dia a dia, lutar também pela Taça da
Liga e esperar para ver o que dará a Champions League.
Benfica e Sporting: "Eu gostei mais do Sporting.
Perdemos em Lisboa e com o Benfica empatámos, foi um milagre, muita sorte, mas
isso conta dentro do futebol. Mas esse empate no Dragão não foi justo para nós,
na primeira parte podíamos ter feito tranquilamente o 2-0 ou o 3-0, mas na
segunda fomos penalizados. Isso também faz parte da experiência, há que
aprender. Em Alvalade, o árbitro influenciou bastante no resultado, não sei o
que lhe passou pela cabeça naquele momento, mas também não foi um resultado
justo sobretudo a nível de arbitragem. Jogar fora é complicado, mas os dois
golos do Sporting não foram justos".
Campeonato português: "É uma competição dura, pois vais
jogar a campos duros, que não são tão espetaculares como o de Braga, Guimarães,
Belenenses, Sporting, Benfica ou o Dragão. Podemos perder pontos em partidas
como a que jogamos com o Feirense. Mas em campos pequenos, qualquer livre para
a área, qualquer canto, é praticamente uma ocasião de golo. Se facilitas, não
estás atento, podes perder pontos".
2015/16 com Lopetegui e Peseiro: "Todos tivemos
responsabilidades. A verdade é que estávamos bem nas diferentes competições,
mas o clube decidiu que houve dois resultados que não foram bons e deu-se a
mudança. Há que respeitar, e apostaram no Rui Barros e depois no Peseiro. A
equipa mudou, esteve diferente do que tínhamos visto, mas pagámos também a
fatura das lesões, jogadores importantes que estiveram lesionados. E isso não
foi bom. Essas coisas foram as que determinaram o desfecho da época. Acabou
como acabou... A final da Taça foi um exemplo do resto da temporada. Havia que
felicitar o Braga, os seus adeptos pela conquista, mas creio que foi uma equipa
que fez muito pouco para estar a ganhar 2-0 ao minuto 50".
Nuno Espírito Santo: "Joguei contra ele na sua etapa no
Osasuna, conhecia de quando era treinador do Valência. Em Espanha as pessoas
são exigentes, e creio que não houve calma com as exigências que tiveram com
ele. Aqui foi um jogador do clube, portista e creio que lhe estão a dar a
tranquilidade para que isto siga bem".
Balanço do trabalho com Nuno: "Eu gosto. É um treinador
dinâmico, que exige, que fala na cara quando tem de falar, e isso é bom. Deixa
os jogadores falar, há que haver uma relação de falar, opinar, sempre com
respeito mútuo".
Época atual: "Tem sido um ano de muitas mudanças outra
vez. Saíram uns, entraram outros jogadores, jogadores jovens inclusive. E isso
não é fácil. Temos o Benfica e o Sporting que já estão mais armados, com
jogadores que já jogam juntos há algum tempo, mas nós não. Houve mudança de
treinador, têm que assimilar as matrizes que preconiza o mister, o mister tem
de entender também a equipa que tem, os seus jogadores. Mesmo com isso tudo,
creio que a temporada está a ser boa, está a correr bem. Porquê? Porque
conseguimos uma qualificação na Champions, é certo que caímos na Taça de
Portugal - creio que injustamente, pois não pudemos acabar 0-0 essa partida -,
mas não foi só pela nossa responsabilidade, mas por outras pessoas que têm
responsabilidade no jogo, más decisões, todos somos humanos e erramos,
evidentemente. A Taça da Liga é muito importante para nós, porque é o último
título do ano e o FC Porto tem de lá estar, em Faro. É verdade que houve duas
ou três partidas em que não estivemos com sorte, mas estamos aí. Não dependemos
de nós, é certo, mas ainda há muito caminho para percorrer esta temporada. Às
vezes, quando as coisas não correm bem, têm de retirar coisas positivas. Se se
passasse igual ao ano passado, teríamos perdido a maioria das partidas. Este
ano, pelo menos, deixamos de sofrer golos em muitos jogos. O grupo está mais
homogéneo e mais forte".
Juventus pela frente na Champions: "De todo o mal que
te podia calhar, saiu-nos uma senhora equipa. Já defrontámos o Roma, que está a
lutar com a Juventus pelo título e ganhámos lá. É certo que tem grandíssimos
jogadores, mas muito do êxito que possamos ter em Itália passará
necessariamente pelo resultado que conseguirmos no Dragão. Temos de fazer as
coisas bem em casa, competir, lutar, ante um rival que nos últimos anos tem
estado sempre nos quartos de final, meias-finais e finais. Vai ser um rival
muito difícil".
Hipóteses do FC Porto: "Creio que será 50 por cento de
possibilidades para cada um, é o mais justo. Não troquei mensagens com o
Buffon, mas é sempre bom encontrar-me com amigos e gente tão importante no
futebol como é Buffon. Já nos defrontámos muitas vezes, houve coisas boas e
coisas más. Estamos a falar de um guarda-redes que, juntamente com Petr Cech,
tenho tido uma ligação especial nos últimos anos".
Melhor momento em Portugal: "O meu melhor momento em
Portugal será quando estiver nos Aliados, a festejar um título e desfrutemos
todos. Afinal é o que todos queremos e o que eu quero. Era uma forma de
agradecer aos adeptos, que semana após semana, têm-nos apoiado, animando a
equipa em momentos bons e nos maus".”
Em
Só tenho algo a acrescentar, grande Iker Casillas!
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